Mais do que medalhas e fotografias, fica o aprendizado.
Aquela era a nossa primeira competição internacional de Bunkai. A primeira competição fora de casa, como Saito Brothers.
Mais do que os títulos como o daquele dia, ficam para sempre os laços que se fortalecem a cada disputa, cada vitória ou derrota. Toda vitória, toda historia é construída com a vivência intensa destes momentos. Tudo tem de valer à pena. Da dor à alegria, tudo tem de servir como alicerce de uma grande fortaleza. Esse é o caminho e é o nosso caminho.
Com o tempo, há de se aprender que quem não coloca tudo em jogo, não serve para o jogo. Porque ali só vence quem é sincero. Não existe sinceridade com o pé atrás. Só conta se for 100%. A sinceridade nunca perde, sempre vence, embora algumas vitórias só o tempo revele.
Com o tempo, há de se aprender também, que aquele que quer honrar a confiança das pessoas, sempre luta com 100% do que tem e além disso, leva todas estas pessoas à serem honradas nos ombros, nas costas, na mente, no pensamento. Quem luta por muitos, tem a força de muitos.
O juvenil, aprende a lutar por si. O homem luta por si e pelos outros. Seja pela memória destes, pela gratidão ou pelo apoio recebido. Os homens honram o(s) nome(s) que carregam.
Naquele dia, aprendi a carregar as coisas nas costas. Para honrar o nome de quem um dia fez o mesmo caminho. Tinha dezesseis anos, muita coisa pela frente, mas sabia que estava no lugar certo.
Estava no caminho.
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
Só honra quem carrega
segunda-feira, 30 de julho de 2012
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quinta-feira, 26 de julho de 2012
Pelo nome e não com o nome
Um dia todos vamos embora. Não existe maior certeza do que a morte. O que acontece, é que nos maravilhamos com a vida e passamos os dias sem se quer pensar(corretamente até) nesta única certeza. Um dia, todos vamos morrer.
Nós nunca imaginamos a vida sem aquelas pessoas que fazem dela um lugar seguro. Ninguém nunca pensa em perder um pai, uma mãe, por mais que essa seja a ordem natural das coisas.
Com os mestres acontece a mesma coisa. Eles são pais de muitos. São as figuras centrais de contos, histórias e até lendas dentro de suas artes. Representam sempre em carne e osso, as lições de um caminho que abriga muitos peregrinos. Eles são o caminho.
A perda do mestre Ryuzo Watanabe, significava para nós da Goju-Kai, perder o caminho. Pois assim como outros grandes mestres, ele era o desde o ar que respirava, até o último batimento do seu coração, puro Karate-Do.
Foi um momento de muita tristeza. Lembro-me do dia do enterro do sensei até hoje com muita clareza. Se lembrar demais, talvez comece a sentir que é muito mais triste do que já é, porque sei, que ele faz muita falta neste mundo. Porém creio que pensar nisso seria de certo modo egoísmo meu, já que certamente hoje em dia ele deve estar muito mais feliz no lugar em que se encontra (provavelmente com outros grandes mestres).
Muitos se perderam depois daquele dia, muitos, decidiram levar o caminho adiante honrando a memória de alguém que viveu pelo caminho do Karate.
Todos temos a opção de escolher o que fazer com a memória das pessoas que se foram, o que fazer com os bons dias vividos ao lado de quem se foi, o que fazer com os ensinamentos, as lições de quem viveu para passar um ideal adiante e liderar um grupo, uma família.
Tenho orgulho e gratidão pelos senseis que tive, tenho orgulho de ser irmão de um grande Budoka que sempre optou por seguir os exemplos, fazendo como eles, liderando, desbravando rumo àquilo que é certo.
Depois de tantos anos, eu olho para todos estes dias que ficaram para trás desde o falecimento do sensei Watanabe e vejo que o meu irmão me(nos) guiou para o caminho certo.
Por onde se honra a memória das pessoas com a nossa própria maneira de viver. Não nos agarramos, nos escoramos no nome de ninguém, não usamos a imagem de ninguém. Nós somos aquilo que aprendemos, somos o que passamos adiante. É assim que um legado, uma memória se matém viva. Os mestres vivem no caminho e na transmissão dos ensinamentos deste. De nada adianta ficar citando nomes se as atitudes não falarem por estes nomes citados.
Temos MUITO ORGULHO das nossas raízes, de ter aprendido com quem aprendemos e é exatamente por isso que damos o nosso melhor todos os dias. Para honrar o nome das pessoas com atitudes, porque Karate-Do é feito muito mais de luta, do que nomes à serem citados na primeira oportunidade.
Tínhamos um campeonao para vencer, por nós, pela memória do sensei e acima de tudo... Por honra e gratidão.
segunda-feira, 23 de julho de 2012
Próximo de um final
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quinta-feira, 19 de julho de 2012
Pescando na chuva
Meu irmão sempre gostou de pescar.
Todas às segundas, meu irmão pegava na escola depois da aula, eu trocava de roupa no caminho, dentro do carro e íamos pescar. Essa era mais uma das "nossas coisas", momentos, como aqueles vividos no Japão, nas viagens de trem, quando passávamos na livraria, líamos o que queríamos, meu irmão pegava uma revista de Karate, eu pegava a nova edição do mangá preferido e pegávamos um taxi para casa.
Entre essas coisas que fazíamos juntos, lembro também das manhãs já aqui no Brasil, quando acordava cedo e íamos correr no parque antes da escola. Voltava para casa, tomava um banho, vestia o uniforme e ia estudar.
Pescar, naquela época era a "nossa coisa"do momento. Apesar de eu ir muito mais pela diversão de fisgar o peixe e por acompanhar sempre o meu irmão em todos os lugares, gostava muito desta época. Mas nunca fui um pescador como o meu irmão.
Meu irmão se divertia pescando, mas também se divertia com as minhas trapalhadas com a "tralha" de pesca, quando eu gastava mais tempo desembaraçando a linha do que pescando em si. Eu ficava bravo e ele ria e quando os nós eram cegos demais, ele montava outra vara para mim.
A maioria das pessoas gosta de fisgar o peixe. E acho que isso se encaixa muito bem no que é a vida. As pessoas sempre querer ter algo, ter o prazer de ter algo, mas quem aqui gosta de pescar na chuva sem pegar nada?
Bom, o meu irmão gosta.
Lembro-me de um dia, que estava frio e chovia muito. Fomos pescar, porque o meu irmão sempre seguia em frentre com os seus planos, fosse com sol, fosse com chuva. Chovia tanto naquele dia, que eu mal podia ver o que se passava lá na ponta da linha lançada no lago, quase não via a bóia. Não dava para diferenciar o que era a chuva balançando a água e o que era o peixe tentando morder a isca. Tudo que eu via, era o meu irmão. Parado, quieto, atento, coberto com uma capa de chuva, olhando para a água.
Nesse dia, do quiosque, observando o meu irmão pescando na chuva eu entendi muita coisa sobre pescar, aprendi o que é gostar de pescar. E quem sabe até, tenha aprendido muita coisa sobre a própria vida. A verdadeira pescaria, mora em quem gosta de pescar independente de tudo.
É preciso estar lá. Com sol ou com chuva. Enxergando o que há adiante ou não, é preciso estar lá.
O que essas lembranças tem a ver com o nosso Karate? Bom, só entende, quem está na chuva. Para se molhar? Sim. Mas mais do que isso, para pescar.