segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Pódio na África e nossa história
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Um Choro de 17 anos
Eu não faço a mínima idéia do que acontece com o mundo quando o assunto é fé.
Mas de uma coisa sobre a minha fé eu sei, acredito que o mundo diz, o que precisa ser dito. E que a fé que nós depositamos nos sonhos, é a fé que o mundo deposita em nós. Pode ter sido apenas uma estrela cadente qualquer. Mas para mim, e certamente par ao meu irmão, aquela estrela era o mundo nos mostrando o que precisávamos ver. O dia seguinte, seria com certeza um grande dia.
Derrotados pelos japoneses na semi-final por quatro à um, ali estávamos na disputa pela medalha de bronze. Era como se as lembranças, não tivessem levado 17 anos para serem escritas. Ali, prestes à enfrentar os italianos, na minha cabeça eu só enxergava estas lembranças e a certeza da vitória. Lembro de por um instante pedir à Deus, para que pudéssemos apenas fazer aquilo que sabíamos, nada mais, nada menos que isso. Olhava para as letras da minha faixa que diziam “Konomoto Takashi”.
Pensei no nosso sensei, que há tantos anos não vemos. Aquela faixa, nasceu para estar ali, mostrando para o mundo, o Karate de Konomoto Takashi. Olhava para a nossa bandeira, estendida na arquibancada, bandeira da nossa escola Shizuoka Goju-Kan dada pelo nosso mestre em 1996. Deu vontade de chorar. Porém, ainda não era hora para isso. Ainda não havia nada ganho, nada de memórias em flash-back ou homenagens, ainda nos restava vencer. Por isso voltei a me concentrar na disputa para fazer assim o meu papel. Deus fez e certamente sempre faz a sua parte.
Uma grande execução. Sem um segundo sequer de desatenção. Desde o momento em que pisamos no ginásio naquele dia, nós nos fechamos para todas as outras coisas até mesmo os nossos adversários. Não houve um momento sequer de dúvida e se houvesse eventualmente, o foco de um dos dois era suficiente para cobrir a falha do outro. Talvez tenha sido nessa hora, que eu vi o quanto era forte e significativa a nossa ligação. Dada pelo sangue de irmãos e pelo caminho do Karate-Do.
Momentos antes da decisão dos árbitros, eu tinha certeza de termos feito, deixado ali naquela quadra, o nosso melhor. Julgando pelo que vi, vitória certa.
Quando os cinco árbitros levantaram as bandeiras à nosso favor, eu simplesmente abracei meu irmão e chorei. Aquele era o fruto do nosso trabalho, dos nossos sacrifícios e atritos. Muita gente pensa que é fácil ser o irmão mais novo de Akira Saito. Mas poucos sabem que na verdade é o maior desafio que eu sempre enfrentei. É difícil, porque ele é meu irmão. Ser aluno na maioria das vezes é seguir. E por conseqüência disso, na maioria das vezes trata-se apenas de admirar e aprender. Ser irmão, trata-se de conhecer tudo. Eu sei que o meu irmão, apesar de ser meu mentor, tem lá os seus defeitos que só os irmãos conhecem, da mesma forma que ele sabe que tenho tais defeitos também. Chorar com aquela decisão dos árbitros, que reconheceram de forma unânime que nós merecíamos ser os terceiros do mundo, foi muito mais do que um choro pela medalha. Foi o choro da nossa história. Olhava para a minha faixa, as segurava sem conseguir parar de chorar. Um choro, que esteve conosco, guardado, desde o meu início no Karate em 1992. Um choro de um irmão mais velho batalhando durante todos estes anos para sem se quer saber, moldar um parceiro. O choro, dos 17 anos. Leia Mais…
domingo, 21 de novembro de 2010
Conquista na África do Sul
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quinta-feira, 18 de novembro de 2010
África do Sul
Saio de casa, com muitos pensamentos. A velha sensação de estar partindo para o desconhecido que nunca foi a sensação mais atrativa do mundo para mim desde sempre. Desde o primeiro dia de aula na escola, até as viagens pela seleção brasileira adulta de Karate. Engraçado, já que já viajei e competi centenas de vezes até aqui. Porém, é sempre assim. Sempre como se fosse para um mundo totalmente diferente, deixando tudo que eu conheço para trás. Deus que me perdoe dizer isso, mas eu sempre sinto que é uma despedida. Eu prefiro pensar que isso é um bom sinal, sinal de que deixo em casa a minha versão antiga, buscando mudo afora uma nova versão atualizada.
Parte o carro rumo ao aeroporto. Estamos indo para a África do Sul.
Quase quinze anos após voltar do Japão com a faixa preta. Hoje como um homem adulto me lembro de momentos e pessoas importantes, que apesar da distância criada pelo tempo e pela distância geográfica, estão sempre presentes de uma forma quase paterna dentro do ser que aqui se encontra pensativo dentro de um carro acompanhado de pessoas queridas, mas de certa forma sozinho, no interior de seus pensamentos.
Nos encontramos com os outros atletas no aeroporto, todos, amigos. Com certeza, isso fez com que a viagem fosse divertida e o nervosismo ficasse em segundo plano.
Viagem cansativa e definitivamente o avião não é o melhor lugar para descansar as pernas . Durante a viagem, procurei não pensar muito na competição. Tentei distrair-me com a viagem e com o pessoal, mas vez ou outra, inevitavelmente lembrava do quanto aquilo era importante para nós. Quando lembrava, surgia lá no fundo uma ansiedade que se não tomava cuidado, logo me levava para o campeonato, para as situações e conseqüentemente para a responsabilidade que caia sob os ombros.
Medo. Sempre acreditei que a coragem nada tem a ver com a falta desta sensação de temor, mas sim com aqueles indivíduos que tem o medo pela frente, mas avançam mesmo conhecendo as conseqüências de uma eventual derrota.
Não ter medo de nada para mim é mais inconseqüência do que coragem. Então sentir medo, e saber reconhecê-lo, já é um pedaço da coragem.
Chegando em Cape Town, e já transitando de van pela cidade, rumo ao hotel, a sensação nítida que fica, é a de que realmente existem pessoas de realidades econômicas e sociais extremas naquele país. Uns com tanto, outro s com praticamente nada. Carrões circulando por bairros praticamente europeus e probreza, favelas e ônibus velhos transportando só negros em partes mais pobres da cidade.
Serviço de transporte público que deixa a desejar. A impressão que fica, é que o transporte público é somente para os miseráveis. Que os ricos só andam de carrões e não existe meio termo entre um e o outro. Em São Paulo por exemplo, existem inúmeras pessoas que deixam seus carros para irem trabalhar de ônibus e/ou metrô. Na África do Sul, não parece ser assim, nem de longe.
Entrando no clima do campeonato, visitamos os ginásio vazio. Apenas com as estruturas (tatamis e afins) sendo finalizadas para a competição. Aquele frio na barriga que havia acalmado durante a viagem, agora voltava para ficar de vez. Ali no meu estômago permaneceu, seja comigo ali naquele ginásio vazio ou mais tarde quando todos já fechavam os olhos em seus quartos no Hotel.
No primeiro dia de competições, nossos alunos vão bem. Uma medalha de bronze e uma disputa de medalha perdida. É um bom saldo de alunos que tenho treinado, uma nova geração da Shizuoka Goju-kan! Porém como se da noite para o dia tudo pudesse acontecer (erealmente pode) , no segundo dia de competição, o dia das disputas individuais das categorias adultas, todos nós vimos um por vez cair e deixar o sonho de ser o melhor do mundo ser adiado.
Fiz o meu melhor, mas sei que ali, eixsitiam pessoas mais capacitadas do que eu e por justiça, estas seguiram adiante. Porém isso me frustrou também por mais justo que tenha sido, já que só eu sei o quanto eu me preparei para estar ali. Sentando, já na arquibancada eu apenas lido com a certeza de que nada mais podia ter sido feito.
Decepcionados, eu e o meu irmão tivemos um atrito. Mas com um verdadeiro exemplo de sabedoria, ele me mostrou que deveríamos nos manter unidos, deixando toda frustração daquele dia para trás. Quando um quase coloca tudo à perder, o outro toma à rédea da situação. Acredito que isso mais do que nunca me mostrou porque somos uma verdadeira dupla, um verdadeiro time. O terceiro dia, o dia da disputa do Bunkai-Kata (em duplas, a dupla Brasileira para a disputa era formada por mim e pelo meu irmão) ainda estava por vir. No céu escuro de um dia de decepções, uma estrela cadente só pode ser um sinal. É assim que começa a nossa vitória.
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Mundial da África do Sul
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segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Irmãos de Sangue, amigos de verdade
Olá amigo, convido você a nos visitar uma vez por semana, estaremos postando todas as segundas-feiras um novo capítulo da nossa história, das nossas aventuras de quando fomos ao Japão, do nosso dia a dia lá, dos nossos campeonatos, da nossa ida à África do Sul ao Mundial, quando conquistamos uma medalha inédita para o Brasil, da nossa vitória no Sul-Americano no Uruguai. Uma história de batalha, de suor e de amizade. Queremos compartilhar com você nosso amigo, nossas conquistas e nossas alegrias, pois isto tudo faz parte de um projeto para o Mundial de 2013 na Índia. Antes pretendemos ir também ao Japão, para visitarmos nosso Mestre e claro, treinarmos muito para nos aperfeiçoarmos, e este projeto inclui você, nosso amigo que estará nos acompanhando pelo nosso blog toda semana, pois o projeto Saito Brothers, propõe que dentro do Koto de competição somos UM, mas fora dele somos MUITOS!!!!!
Todas as segundas serão dois posts sobre o mesmo assunto, mas com dois pontos de vista diferentes. O ponto de vista do Akira e o ponto de vista do Horácio. E quem são os irmãos Saito? Para aqueles que ainda não nos conhecem, uma breve apresentação e no decorrer das semanas tudo estará mais detalhado:
Akira, o irmão mais velho: Fui ao Japão em 1990, no Brasil já treinava Karate e lá treinei com o Mestre Konomoto Takashi, na Província de Shizuoka. Horácio, o irmão mais novo: Foi ao Japão em 1992 e começou a treinar Karate com o Mestre Konomoto Takashi. A partir de então começamos a trilhar juntos "O Caminho". Em 1991 fui Campeão Estadual, em 1995 Horácio se torna faixa preta com apenas 13 anos, estes são alguns dos fatos que serão contados detalhadamente nos próximos posts. Quando retornamos ao Brasil, recebi a autorização de utilizar o nome da Associação do meu Mestre do Japão: "Associação Shizuoka Goju-kan" e que no Brasil se propõe principalmente a formação de seres humanos melhores para a sociedade.
Somos os irmãos Saito, amigos de verdade e parceiros. Nem tudo foi só alegria, existiram também os obstáculos e os sofrimentos, mas quando se quer algo de verdade, tudo se supera, tudo vale a pena!!!!!
Este foi o primeiro post, esperamos vocês aqui semana que vem!!!!!