Este era meu segundo mundial. Não podia dizer que isso me dava segurança e nem que já tinha experiência. Afinal de contas, ali estariam os melhores do mundo.
O fato do Mundial ser no Brasil dava uma certa facilidade no quesito de não termos que viajar, logística, hospedagem e alimentação.
O Campeonato aconteceu no Ginásio Mauro Pinheiro, no Ibirapuera e estar ali representando o Brasil dava uma grande sensação de responsabilidade, de nervosismo e ansiedade.
Havia treinado muito, queria estar ali e sabia que tinha condições. Tive apoio da família, dos amigos, dos alunos e claro, do meu parceiro de treino, o Horácio. Queria dar o meu melhor, não só por mim, mas por eles também.
Tivemos muitos treinos com a Seleção Brasileira, principalmente para o Shiai-kumite. O técnico na época era o sensei Wagner Piconez Angeloni, que por coincidência também fora meu primeiro Sensei. Os treinos eram duros e literalmente algumas vezes dávamos nosso sangue.
No kata, tínhamos a supervisão do Mestre Watanabe uma vez por mês no último domingo. O restante do treinamento era feito por conta. Treinar sozinho sempre é duro, ainda mais quando precisamos que alguém nos corrija.
O dia tão esperado havia chegado, é difícil de mensurar a emoção de entrar no Ginásio e saber que em seu karate-gi está a bandeira do seu país, o suor de se empenho e em sua alma a confiança da pessoas que o apoiam. Não me lembro de todos os detalhes, acho que é porque a sensação toma conta de sua mente e que você vive aquele instante de forma muito intensa. Todos perfilados, todas as delegações, a abertura com o Mestre Yamaguchi Goshi e com o Mestre Watanabe Ryuzo, cena histórica para nós.
Começara a categoria do kata acima de San Dan e na contagem por pontos, não consegui me classificar para as finais. Me decepcionei um pouco porque acreditava que conseguiria pelo menos chegar às finais.
No dia seguinte começou a categoria de kumite até 65 kg e consegui passar pelas duas primeiras lutas. A terceira luta era decisiva pois uma vitória poderia me levar até a semifinal. Consegui passar e na semifinal iria enfrentar outro brasileiro. Nunca estivera tão próximo de conseguir um resultado expressivo no mundial. Infelizmente não fiz uma boa luta e acabei perdendo por uma diferença de dois pontos. Teria que ir agora para a repescagem para pelo menos conseguir um terceiro lugar. Mas na disputa para o terceiro lugar, novamente não consegui encaixar os golpes e perdi por uma diferença de um ponto. Encerravam-se ali as minhas esperanças de medalhas e com tristeza via as minhas chances que estiveram tão próximas se esvaindo.
Nos dois dias seguintes houve o Seminário com o o Saiko-Shihan Yamaguchi Goshi, onde pudemos aprender o bunkai-kumite-kata do Kururunfa. Estar ali para aprender com os Mestres era sempre motivador, me lembro de ver ali naquele seminário pela primeira vez uma faixa de Renshi-Shihan.
Sempre digo que aprendi muito mais nas vezes em que perdi do que nas que venci, e acredito que este resultado do mundial me ensinou muito.
Ali nascia a dupla de Bunkai Saito Brothers para ganhar o mundo.....
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