quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O nó da minha vida

Meu primeiro Karate-Gi (popularmente conhecido como Kimono no Brasil) foi um de uma marca chamada Fuji Daruma. Era um Karate-Gi de iniciante. Para quem não sabe, óbviamente o Japão sendo o país do Karate-Do, também é o país dos materiais de Karate-Do. Ou seja, kimonos (vou chamar assim para ficar mais fácil) japoneses para quem gosta da coisa, são realmente os melhores. É claro que isso depende muito do seu senso de Karate-Do. Não estou falando dos Kimonos molengões de shiai-kumite confeccionados para serem leves. Estou falando de peso, de Heavy Weight, do tradicional Kimono de lona.

Meu Fuji Daruma era um Karate-Gi simples, de iniciante mesmo. Mas a aura da coisa estava na verdade, muito mais embutida no ritual de colocar o Kimono e não na pompa deste mesmo. Era tão bacana vestir aquele Kimono. Devidamente vestido, ali na aula de Karate eu me sentia mais próximo do que o meu irmão era. E isso me fazia feliz. O engraçado é que hoje, mesmo após tantos anos e mesmo após os Karate-Gis pomposos de lona japonesa, continua sendo a mesma sensação para mim.

Assim como tantas coisas dadas pelo meu irmão, a minha primeira faixa dentro da minha história dentro do Karate-Do, também foi algo que herdei dele. Talvez aquela faixa tenha simbolizado o que viria pela frente.

Era uma fixa da Mizuno. Grossa, mas muito grossa e difícil de ser amarrada por um moleque de dez anos. Enquanto os outros garotos faixas brancas da minha idade do dojo tinham faixas maleáveis, eu tinha aquela Mizuno que eu mal conseguia apertar o nó sozinho.

É claro que naquele momento eu não soube enxergar a coisa desta forma, mas ali estava escrito que a herança viria com uma boa dose de esforço e responsabilidade. Eu assumi ali mesmo sem saber, o compromisso de fazer o meu melhor, me virar como pudesse e fazer valer a fé do meu irmão. Não é porque tinha um irmão mais velho que era faixa preta que as coisas seriam mais fáceis para mim, lógico que não.

Por onde andam aquelas faixas tão maleáveis daquela época... Aquela velha Mizuno durona continua aqui, bem viva e com a mesma dureza de sempre...

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