segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Uma nova etapa
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
O seu valor
Naquele tempo, eu nunca tive a real noção do que tudo aquilo significava. Muitas vezes as lições vinham sem que eu soubesse ou as enxergasse de forma clara.
Mas nem de longe isso quer dizer que eu não aprendia. Pelo contrário. Aprendia sem saber que estava aprendendo.
Prestes à voltar para o Brasil, eu já não era mais aquele mesmo menino que chegou ali naquela terra sem saber dos costumes e da língua local. Talvez nesta época, fosse muito mais um japonês do que um brasileiro. Este, certamente é o maior valor que um estrangeiro pode mostrar. Eu quis aprender, eu quis fazer parte, quis ser como eles e naquele momento esse era o meu maior valor.
Em qualquer vida, em qualquer raça, em qualquer existência, a vontade de aprender, de ser, sempre é o que acaba definindo o valor de uma pessoa. O que se faz para ser alguém?
É o tal do ser antes do ter. Eu nunca cobicei nada sem merecimento. Eu nunca quis ter nada sem ser alguma coisa antes disso e para ser, é necessário aprender e muito todos os dias.
Estava triste por em breve ter que deixar tudo aquilo para trás. Todas as pessoas, amigos, lugares e é claro, uma parte importante da minha família.
Talvez eu tenha evitado esses pensamentos ou talvez eu tenha escolhido de alguma forma não pensar sobre isso, mas é fato que mais uma vez eu ia ter que me despedir da minha grande referência e acima de tudo, do meu melhor amigo. O meu irmão.
As pessoas estavam tristes pela minha partida e eu também, porém sempre existe um lado bom para tudo(se não tem, está errado) e o bom, é que com muito orgulho eu percebi que eu merecia aquele sentimentdo que vinha de todos. Só sentimos falta do que tem valor e eu me sinto feliz, de ter tido o meu valor como pessoa reconhecido por tantas pessoas que eu respeitva tanto.
O meu valor, só existe porque conheci e aprendi com essas pessoas.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Decisões e opções
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Do fim ao começo
É difícil ver a vida, as experiências, os momentos vividos com um prazo de validade. Se tem uma coisa que eu aprendi ao longo desses anos com o meu irmão, vivendo dentro do Karate-Do, é que sempre existe uma visão positiva sobre as coisas e que o fim, também é o começo.
Assim como em diversos momentos difíceis da minha vida, meu irmão neste
momento em que soubemos que eu iria embora, com alguma
conversa para abodar o assunto. Não era assim que as coisas eram entre nós e
creio eu que a nossa ligação era(e continua sendo) muito maior que qualquer conversa, que
dentro deste contexto, só traria o amanhã sem necessidade para o nosso
presente.
Se pensar demais, é claro que o fim das coisas fica muito mais evidente, já que é praticamente deixar para trás um mundo todo que se criou, que se moldou de acordo com o tempo e com os momentos vividos, passando por diversas sensações que vão da alegria à tristeza. No outro lado da moeda, é difícil de se ver o início de algo, porque todo início é um papel em branco, então conflita aquilo tudo que se vê, que se criou, com aquilo que não se vê porque ainda não existe, mas com o sentimento de que pode ser criado e cultivado.
Ensinam os sábios desta arte, que é sempre um paradoxo. E neste ponto da história, era apenas mais dos tantos pelo caminho, um importante que seja dito, mas era apenas mais um paradoxo.
Óbviamente, essa é a minha visão adulta da coisa. Porém naquele tempo, vivi como nunca o Budo no dia à dia com o meu irmão. Eu não aprendi a pensar no amanhã, ou melhor, eu não aprendi a antecipar o amanhã.
Vejo muitas pessoas no dia de hoje dizendo que é importante viver intensamente. Mas a verdade é que em pelo menos 99% dos casos, estas pessoas convertem uma filosofia, onde o intenso significa viver as verdades do hoje sem pensar nas consequências do amanhã, porque existe a certeza da conduta correta e plena do dia de hoje, para uma "filosofia" onde o lema é viver hoje como se não houvessem consequências amanhã. Isso é apenas inconsequência e estupidez diga-se de passagem.
Viver o hoje no Budo, quer dizer viver com maior responsabilidade e não o contrário.
Então essa é a intensidade do Budo. Eu aprendi a não antecipar nada e viver das consequências dos meus atos do dia de hoje. Se havia então um prazo para que aquilo tudo acabasse, que tudo então fosse vivido da melhor forma possível.
E com certeza, a consequência é estar aqui, escrevendo sobre estas memórias de tempos atrás. Talvez o coração humano só enxergue o fim, o encerramento, na data de validade e isso nós nascemos sabendo, que um dia o fim nos espera. O que aprendi dentro do Karate-Do, com os senseis que tive e com o meu irmão, é que no Budo, nós estamos sempre aprendendo sobre o começo. Viver ali, re3spirando Karate-Do ao lado do meu irmão, eram dias que agora tinham um prazo de validade, mas aquele era apenas mais um novo começo.
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
O hoje e o amanhã
No ano de 1995 meu pai com saudades de nossa terra Natal, resolve voltar ao Brasil. Volta primeiro sozinho para poder reformar nossa antiga casa, minha mãe, o Horácio, a Simone e a Melissa ficam até que a reforma esteja concluída e eles possam voltar.
Novamente estamos prestes a nos separar e isto confesso não é o melhor dos sentimentos. A sensação de que estarei novamente longe das pessoas que amo me faz refletir até onde e o que realmente tem valor nesta vida.
Nossos treinamentos continuavam intensos e nossa rotina também. Treinávamos no Honbu Dojo de Shizuoka com o Sensei Nagatani e com o Hanshi Konomoto aos sábados, durante a semana eu ministrava aulas alternadamente nos Dojos de Hamamatsu e Hamakita e aos domingos de manhã ajudava o Sensei Takeda no Dojo de Kita Terajima que ficava dentro de um shopping na cidade de Hamamatsu.
Nossa família iria se separar novamente, então era preciso aproveitar todo o tempo possível para ficarmos juntos. No caso do meu brother Horácio, significava treinarmos mais ainda. Além dos treinos "normais", pedia o Dojo de Hamakita emprestado ao Sensei para fazermos estes treinos extras. Treinávamos nós dois e às vezes convidava alguns amigos e também outros Senseis de outros estilos. Sentia que iríamos ficar por um tempo longe e estas horas de treino junto com o Horácio eram para mim de muita importância. Passamos então, ainda mais tempo juntos e pudemos compartilhar não apenas conceitos técnicos, mas também pensamentos, ideais e claro, amor de família.
Sempre procurei ver o lado bom das coisas, ser sempre uma pessoa positiva e tentava ver que todo sacrifício tem sua finalidade e propósito.
Não iria me preocupar com o futuro agora, queria apenas treinar e treinar com meu brother......
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Shoshin
Aquele ano foi bastante intenso. Além da faixa preta, vieram muitos outros desafios, campeonatos e situações sempre novas. Muitas vezes as pessoas confudem as coisas. Usar a experiência a seu favor, não quer dizer viver momentos já vividos e tirar tudo de letra, na verdade quer dizer apenas usar o conhecimento sobre tudo que foi vivido até então, para encarar novas situações.
Nada é igual pelo caminho. Se é, certamente é porque você está fazendo da forma errada. Quem busca a verdade nunca vê as mesmas coisas, nem nos mesmos lugares.
Quando se é iniciante, existe uma falsa esperança para o futuro, onde se imagina uma facilidade. Quando eu for faixa preta, será mais fácil de fazer tal coisa. Errado. Uma vez que você anda, você muda, tudo muda com você. E essa talvez seja a grande maravilha da cosia, pois treinando duro, esta condição sempre irá existir, mantendo quem pratica sempre num estado eterno de busca pela melhora, com os pés sempre dentro da humildade, sinceridade, aquilo que creio que podemos chamar de "Shoshin". O bom e velho espírito de aprendiz.
Não são títulos, graduações, faixas ou kimonos bonitos que fazem o Karate-Do de cada um ser o que é. É o ser e não o ter.
Recentemente no último campeonato que competi, uma criança me perguntou quantas medalhas eu tinha e eu não soube responder. Elas estão guardadas numa gaveta da minha casa. Talvez se ele tivesse me perguntado sobre alguma história, de alguma dessas medalhas ganhas eu saberia responder de prontidão.
Mais do que qualquer coisa que eu possa ganhar de material, eu sempre fui muito mais ligado ao que se conta sobre estas conquistas. Talvez tenha aprendido isso com os senseis lá no Japão ou melhor, aprendi isso com eles lá. Na humildade de ser e não demonstrar, na sinceridade de ser sempre o símbolo de uma busca de quem serve a um propósito muito maior.
Shoshin, no final daquele ano de 1995, era o que eu teria que encontrar pela frente.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Uma Faixa, um Ideal
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Hora de recomeçar
Em algum momento do caminho há de se enfrentar a tempestade. Acredito que na verdade o trajeto todo é exatamente sobre os dias de sol que aproveitamos em paz, tratando de cultivar, viver e memorizar a sensação existente ali. Certamente essas lembranças serão úteis.
Parece uma equação até óbvia, mas o óbvio muitas vezes só é para a cabeça, porque na realidade vivida mesmo é mais complicado que isso.
Onde você está agora, só interessa, faz sentido se quem você é agora neste lugar, possuir conexões diretas com passado e futuro.
Para cada dia vivido em meio ao suor, existe uma ponte que liga, presente, passado e futuro. As alegrias e tristezas não serão as primeiras, nem últimas, uma vez que seus pés já estiverem em algum lugar desta estrada.
Nada nesse sentido é melhor ou pior, assim como nada será perdido ou desperdiçado. Há o que há e esta exatamente onde deveria estar. Esta é a certeza que movimenta a estrada.
E como sempre, hoje, ontem e amanhã, é hora de recomeçar.