Uma das coisas que mais impressionava no período em que estive no Japão era a humildade que se tinha de um modo geral, não apenas no fato de praticarmos uma arte marcial, mas na forma de pensamento do próprio povo. A pessoa que detinha o conhecimento, procurava não demonstrar, não fazia questão de que todos soubessem de tal conhecimento. Por outro lado, aquele que estava ali para aprender, tinha total consciência de que estava ali por não ter tal conhecimento. Deste tipo de atitude pode-se notar que a humildade encontra-se dos dois lados da história. Tal fato eu também notava em nosso Dojo. Tanto o nosso Mestre (Konomoto Takashi que é Hanshi 9 dan) quanto Shihan-Dai do Dojo (Nagatani Sensei que é 5 dan) tinham uma postura idêntica. Nenhum dos dois fazia a mínima questão de demonstrar ou mostrar suas graduações ou qualquer outro tipo de diferenciação. Suas faixas pretas eram velhas (antigas, desbotadas e gastas) e olhando-as era impossível de dizer ao certo suas graduações. Tão pouco se intitulavam como sendo qualquer coisa.
Eles ensinavam e a prova de que eles detinham o conhecimento era simplesmente porque eles "faziam" o que se propunham na prática. Os alunos com isso, demonstravam a humildade, prestando o máximo de atenção, sabendo que tudo que era ensinado ali, era de suma importância.
Aprendemos que não é elegante falarmos de nós mesmos atribuindo méritos, que não nos chamamos de Senseis e que sempre é possível progredir e aprender mais.
A maior herança que vejo que podemos deixar com o que aprendemos lá no Honbu Dojo em Shizuoka, talvez não sejam os títulos conquistados, as medalhas e troféus. Tão pouco sejam as graduações ou nomeações. Acredito que a nossa maior herança pode ser no dia em que retornarmos lá no Honbu e diante do Sensei Konomoto e Sensei Nagatani, eles nos olharem e dizerem: "Vocês continuam os mesmos, diferentes, mas iguais....."
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