Descendente de japonês, no Brasil é chamado de japonês e no Japão é chamado de brasileiro. É estranho ser um pouco de cada e é estranhado ser um pouco de nada. Foi estranho voltar ao Brasil.
Dentro do avião, o tempo passou mais devagar do que o de costume(a viagem nem é longa). Passei mal, tomei remédios, dormi bastante, mas o suficiente para não lembrar do gosto ruim da comida que serviam no avião naquela época. Até hoje lembro do gosto(não sei se dá para chamar de gosto), de uma cenoura cozida que comi em uma das refeições voltando para o Brasil, ou pelo menos era para ser uma cenoura.
No aeroporto, encontro velhas lembranças naquela tonalidade meio marrom, meio esverdeada que se tem na combinação de cores das paredes e pisos do aeroporto(pelo menos para mim). Aos poucos é como se voltasse à ser japonês e não mais o brasileiro em terras japonesas.
Como se fosse eu disse bem.
Ao ver o meu pai, tive a mesma alegria que tive quando chegamos no Japão. Era bom saber que estava perto novamente e de alguma forma, agora ele parecia mais feliz, porque estávamos na nossa terra.
Sob efeito do fuso horário, é como se o retorno, o trajeto para casa de carro, tudo isso acontecesse sob efeito de uma maré que você apenas se deixa levar. Quando percebi, estávamos nós em casa desfazendo as malas e recebendo algumas visitas de parentes nos dando boas vindas.
É quase um doping esse fuso, mas bom, porque pelo menos por hora, nos mantinha longe da palavra saudade do que nós tínhamos acostumado a chamar de lar. Era bom, porque ninguém quer se sentir deslocado na própria casa.
Sem conseguir ver nada de forma muito nítida para amanhã, talvez fosse a questão apenas de fluir com o que acontecia ao redor. Uma certeza apenas, no Brasil, no calor, na minha casa e então, era hora de ser o japonês de novo.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Do brasileiro ao japonês
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