quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Não olhar para trás

Com a viagem para o Japão definida, lembro de ter ido algumas vezes com a minha mãe no bairro da Liberdade (Bairro Oriental de SP) resolver os assuntos da nossa viagem. Como eu gostava daquele lugar. Por sinal, ainda gosto muito. A primeira vez que fui comer em um restaurante japonês foi ali naquele bairro. Meu irmão nos levou para jantar lá certa vez e foi tão bacana sentar no chão, devorar a soja que vinha de peticso e esperar o prato chegar. Acho que desde aquele dia, eu acabei criando um vínculo com aquele lugar. Dizem que é o bairro japonês, mas fato é que aquilo ali não representa quase nada do que é o Japão ou a sua cultura real. Mas para quem nunca foi para o Japão, sim, dá para dizer que aquele bairro tem sim uma parte do Japão ali.

No dia 13 de Maio de 1992, nós, eu, minha mãe e minhas duas irmãs acordamos sabendo que naquele dia entraríamos num avião pela primeira vez. Rumo ao Japão, rumo ao que seria a familia Saito junta novamente. Ou quase isso, já que meu irmão não morava na mesma cidade para a qual nós estavamos indo.
No aeroporto que em tantas ocasiões eu fui com a minha família ver alguém partir, naquele dia no entanto, era a nossa vez.

Ir naquele aeroporto quando alguém ia embora, para mim era sempre sinônimo de diversão. Muitas vezes eu levei bronca dos funcionários do Aeroporto, por estar brincando com os carrinhos de bagagens, hora montando em cima, hora empurrando alguém que estava em cima (Na maioria das vezes o Felipe). Fora as brincadeiras típicas de moleques como subir a escada rolante, só que pelo lado que ela desce. A minha infância foi muito bem aproveitada. Inclusive no Aeroporto Internacional de São Paulo.

A despedida foi difícil mesmo para um menino da minha idade. Mas acho que a sensação de estar se despedindo numa criança, não se compara à de um adulto. Lembro de ver minha mãe chorando. Mas é uma grande ironia do destino não? Já que estávamos indo para o Japão, nos encontrarmos com os outros dois membros da nossa família, porém, estavamos deixando outras pessoas que faziam parte de nossas vidas. No final das contas creio que fica valendo só a nossa vontade quase ingênua de sempre querer todas pessoas queridas por perto, mesmo sabendo que na vida raros são os momentos em que podemos ter tudo.

O portão de embarque só não é um lugar de certa melâncolia se você não olhar para trás. Mas afinal, quem não olha ?

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