segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Hamamatsu-shi

Mês de maio, mês em que eu completo dois anos vivendo no Japão, mês das mães, mas agora seria um mês especial também para a família Saito, mês que iríamos nos reencontrar.

Nas várias viagens que fazia de Nariwa-cho em Okayama até Sagara-cho em Shizuoka para treinar com meu Mestre, sempre pensava no dia em que poderia ver minha família reunida novamente. Agora, o tempo havia chegado e vendo a paisagem passando rápido pela janela do Shinkansen (trem bala) me dava conta de várias coisas que haviam acontecido. Chegara ao Japão sem saber falar japonês e depois de muito andar com o dicionário embaixo do braço, trabalhava em uma fábrica onde no setor não haviam brasileiros e com a ajuda do meu chefe, já falava fluente e estava aprendendo a ler e escrever alguns ideogramas; havia conseguido alcançar a faixa preta em um Dojo que nunca antes houvera treinado um brasileiro; havia conseguido conquistar meu primeiro título de campeão, em um campeonato estadual da Província de Shizuoka; havia experimentado muitos tipos de comida, algumas muito boas, outras nem tanto; havia aprendido diversos costumes que em um país organizado e disciplinado como o Japão, faziam todo o sentido e que quem vinha de um país como o Brasil estranhava e em muitas vezes não entendia; tinha realmente muitas coisas para contar e conversar com minha família que estava a apenas algumas horas de distância.
Dois anos para muitas coisas havia passado rápido, mas para a saudade que eu sentia, tinha demorado demais. Voltava a olhar para dentro do Shinkansen e ouvir meu *walkman (isso mesmo, de fita K-7, afinal a música sempre foi minha grande companheira), enquanto passava a comissária de bordo vendendo souvenirs.
Viajar pelo Japão tem um fator interesante, não se vê em nenhuma parte, áreas improdutivas. Tudo é, plantado, construído ou preservado. Outra coisa é como o moderno caminha lado a lado com a tradição, de forma equilibrada. No mesmo campo de plantação de arroz ou chá onde se planta e colhe na mão, por exemplo, pode-se encontrar lá no meio, uma máquina de venda de refrigerante e suco em lata.
O condutor avisa que a próxima parada será a estação de Hamamatsu-shi, desta vez, meu destino. O trem bala vai diminuindo a velocidade e para completamente na estação, sem trancos ou movimentos bruscos. As portas se abrem e desço, saio e caminho pela enorme estação de Hamamatsu, a cidade da Província de Shizuoka com o maior número de brasileiros residentes. Pego o endereço em meu bolso e caminho até o ponto de Táxi, enquanto caminho uma alegria vai tomando conta de mim, estou muito próximo de ver minha família.....

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