Em fevereiro de 1992, além de ver meu sonho de faixa preta ser realizado, também tive a feliz notícia de que minha mãe, minhas duas irmãs e meu irmão caçula Horácio viriam ao Japão. Lembro que não contive a emoção quando meu pai me ligou para comunicar a decisão, afinal de contas faziam dois anos que não os via.
Os treinos continuavam intensos, duros, com certeza dignos dos faixas pretas que imaginava em minha infância. Quando voltava para a cidade de Nariwa, na Província de Okayama, mantinha o ritmo de treino, corridas à beira do rio de manhã e treino técnico à noite no porão do alojamento. A vida naquela cidade era pacata, apenas um supermercado, uma farmácia, um barbeiro, enfim, muito poucas opões.
O inverno era rigoroso e a cidade era cercada por montanhas, ventava pouco, então era comum nevar. Enquanto estava nevando era um espetáculo único, os flocos caindo do céu, cobrindo o telhado das casas e os galhos das árvores. Nesta hora o frio não parecia ser tão intenso, mas ao parar, é como se todo aquele gelo se condensasse. Nos dias em que nevava, ficava perigoso andar de bicicleta, andar a pé, por causa do gelo que se formava no chão, então correr exigia uma atenção grande. Mas valia a pena, depois de uma manhã de corrida, parar à beira do rio e ver as casas e as árvores cobertas de neve, enquanto a água desce cristalina, fruto do gelo derretendo no topo da montanha.
Tudo isso ajudava o tempo a passar, afinal, não via a hora de poder reencontrar minha família....
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