segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Reencontro

Dentro do táxi, vendo a bonita e moderna cidade de Hamamatsu, não continha a ansiedade de rever minha família. Ficar longe de nossos entes queridos só reforça a idéia de que é muito ruim a sensação de solidão. Mas agora esta sensação iria ficar apenas nas lembranças, o táxi para em frente ao prédio Horihoku-in, pego o elevador, paro em frente à porta e toco a campainha. Não há palavras para descrever a sensação daqueles abraços apertados, daquelas lágrimas a tanto tempo guardadas e agora escorrendo sem parar. É uma emoção muito forte, uma sensação de felicidade incomensurável.
Choramos, rimos, era difícil saber por onde começar a contar as novidades, afinal de contas, todos nós tínhamos muito a contar nestes dois longos anos longe.
A família Saito toda reunida novamente, minha mãe, meu pai, minhas irmãs Simone e Melissa e meu irmão caçula Horácio, um momento único.
A vida no Japão é com certeza muito organizada. Meu irmão já iria à escola no sábado, por estar em idade escolar, isso não uma opção, e sim uma obrigação. A taxa de analfabetismo é zero, não por acaso, a questão de educação é fundamental, não uma opção pessoal, mas sim uma obrigação e que o estado cobra e pune a família se não for cumprida a regra. Jantamos e ficou combinado que eu iria com minha mãe levar meu irmão à escola, no dia seguinte, afinal de contas ele só tinha dez anos e não sabia falar japonês.
Sábado de manhã, chuva intensa. Meu irmão todo uniformizado, capacete amarelo, "Kaban" um tipo de mochila-mala preta, meia branca e tênis branco. Saímos de guarda-chuva, e caminhamos até a escola municipal e chegamos ensopados, graças à uma poça que um caminhão transformou em onda. Ao chegarmos, fomos conversar com o diretor da escola e então ficamos sabendo que ali não estudara antes nenhum brasileiro e que eles teriam dificuldades com a língua portuguesa. Ficamos sabendo também que as regras eram rígidas e que não se tinham excessões para estrangeiros. Minha mãe podia ter levado meu irmão, mas não poderia fazê-lo novamente na segunda-feira. As crianças devem aprender a ter independência logo cedo. Após minha mãe tirar as dúvidas que eram muitas, deixamos meu irmão, ela com aperto no coração e sem saber se ele entenderia e conseguiria se virar sózinho.
Pegamos o caminho de volta, chovendo, sem olhar para trás, logo saberíamos como era estudar em uma escola japonesa....

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