quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Trocando de roupa, adeus Fuji Daruma

Chegou a hora. Ter um Kimono de lona no Dojo de Sagara, era uma espécie de sinal de reconhecimento. Como uma espécie de aprovação, que dali em diante você podia sim usar uma "roupa mais bonita" porque era merecido. Não que fosse uma questão de status ou coisa assim, mas simplesmente porque era um Dojo onde a humildade prevalecia e os Karate-Gis de lona, sendo mais caros, seriam considerados um certo desperdício de dinheiro para iniciantes ou coisa assim.

Como já era faixa marrom e cada vez mais o Karate-Do fazendo parte da minha vida, com o recente título estadual de Shizuoka, sim, era hora de dizer adeus ao vellho Fuji Daruma e investir um pouco mais no "traje do caminho".

Num sábado antes do treino, passamos na loja da Kondo-san para encomendar o meu novo Karate-Gi. Já era tradição dos alunos de Sagara, comprar os materiais utilizados no Karate ali, na Kondo Sports. Tradição que claro, também se consolidava pelo fato da loja ser a única da cidade com tais materiais, mas além disso, o fato da Kondo-san ser aluna lá do Dojo colaborava imensamente.

Na loja havia de tudo. Me espeta até hoje até, pois a cidade era pequena, mas a loja tinha desde Bogus de Kendo à modelos mais recentes de luvas de Baseball da Mizuno. Eu adorava estar ali, sempre me enchia os olhos estar ali, naquela lija simples, mas com tanta coisa legal para ver.

De Karate, haviam apenas os materiais baratos da Fuji Daruma e as luvas da Mizuno.
Naquele dia, entramos na loja e fomos direto para o balcão do caixa, no fundo da loja. Meu irmãp pediu para a Kondo-san o catálogo da Tokaido, ela então o pegou de onde costumava guardar outros tantos catálogos de marcas de materiais esportivos. Ali estava, nas mãos do meu irmão a foto do meu primeiro Karate-Gi de gente grande. Tokaido, Kyukyoku (Ultimate).

Da encomenda até  a chegada, deve ter demorado umas duas semanas, que dentro do meu padrão de ansiedade pareciam um ou dois anos. Lembro da cor, da textura e do cheiro como se fosse hoje. E com aquela pequena tradição de Sagara, eu aprendi que o dinheiro não vale nada se o que é comprado com este, não é honrado com a sua capacidade. Ou seja, boas chuteiras não fazem grandes jogadores e roupas bonitas não fazem pessoas bonitas.

Um grande material só ganha a vida necessária, se você for capaz de dar esta vida. Após dar vida a um material simples e exigir o máximo daquele mesmo, era hora de tentar fazer o mesmo com algo de outro nível. Aparentemenre agora, eu estava mais parecido com o meu irmão e os outros senpais do Dojo, mas antes disso foi necessário ser internamente mais parecido com eles.

Adeus Fuji Daruma.

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