Com um kimono a menos e uma faixa preta, um objeto muito pessoal e significativo a menos, voltei para casa. Com algumas histórias novas, umas boas, outras nem tanto, mas com uma nova experiência adquirida que sem dúvida me serviu muito bem como cartão de visitas, de como as coisas funcionavam por aqui.
Trouxe comigo também novas amizades que naquela época eu mal imaginava que seriam tão duradouras. Se existe uma coisa dentro da vida de atleta de Karate que posso dizer que ganhamos de verdade, já que não há glamour nenhum, não há salários milinoários, mídia nem nada do tipo é a amizade daqueles que lutam muitas vezes como adversários, mas que ao longo dos anos acabam se tornando grandes parceiros de uma parte do caminho do Karate-Do que é a competição.
Dentro de alguns meses, o Sul-Americano da Goju-Kai nos esperava lá na Argentina. O primeiro como Brasil, o primeiro como Shizuoka Goju-Kan do Brasil, fora do Brasil.
Treinar duro não era novidade. Novos desafios para o meu irmão, só funcionavam como lenha nova jogada na fornalha e eu, ia nesse embalo como parceiro de treino.
Treinar Karate se trata sempre de sinceridade. Aquele que não traz a sinceridade para o treino, que fique em casa. O treino é duro e mesmo maior, mesmo um pouco mais velho, eu ainda penava e muito para acompanhar o ritmo do meu irmão. Nunca teve um dia sequer que o nosso treino não tenha sido sincero. Dos acertos aos erros, das defesas aos ataques, tudo tinha a marca da verdade de cada um.
Quem quer competir, precisa querer merecer. Não existem títulos, medalhas e resultados construídos somente com a sorte. A sorte, a oportunidade existe, mas quem nãoestá preparado, simplesmente não aproveita e acaba dependendo de mais sorte, que neste caso dá para dizer que é cuspir na sorte anterior.
Nós sempre treinamos, lutamos e trabalhos muito duro correndo atrás do merecimento. Sem merecimento, não importa o que for, não tem valor.
Você é muito antes de ter as coisas e nós contruíamos e continuamos construindo o que nós somos ali, dentro daquele Karate-Gi surrado de treino, encharcado de suor.
E no final do treino, só existe uma pergunta:
Você foi sincero com o melhor e o pior de você?
A resposta é o que você leva, em busca do seu merecimento. Naquele ano, naqueles treinos, eu tenho a maior certeza do mundo, que merecimento nunca nos faltou.
quinta-feira, 17 de maio de 2012
Moldando o merecimento
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1 comentários:
MUITO BOM SABER ESSAS HISTÓRIAS, NOS AJUDA NA VIDA.
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