quinta-feira, 3 de maio de 2012

Os Mestres de uma viagem

Mal tinha voltado do Japão e lá estava o meu irmão já engajado naquilo que seria a nossa nova jornada juntos pelo Karate. O destino era a cidade de Serra Negra.

A van era apertada e eu não conhecia as pessoas. Porém, tinha de novo o meu irmão ao meu lado e isso bastava para que eu fosse para qualquer canto sem saber muito bem o destino.

Foi neste dia que eu conheci o mestre Ryuzo Watanabe e logo de cara eu já tive a mesma impressão que carrego ate hoje do sensei. Alegre, receptivo e de bom coração. Esta primeira imagem que tive do sensei naquele dia dentro daquela van apertada,  foi a imagem que eu vi durante os anos que pude ter contato com ele e é sem dúvida alguma a imagem que eu guardo hoje, mesmo após sua morte ocorrida anos atrás.

É engraçado, porque uma vez mestre, sempre mestre e estes, parecem todos iguais.
Como brasileiro, posso dizer que sou uma pessoa de sorte. Pois conheci vários sujeitos que se enquadram nesta categoria acima dos seres comuns.

A sabedoria, a humildade e a sensação transmitida de que tudo, não importa o que seja, vai ficar bem. Em palavras, seria mais ou menos esta a sensação de estar junto de uma pessoa do meio do Budo, chamada de mestre. E essa era a sensação que eu tinha, treinando com o sensei Konomoto e ali, naquele momento com o sensei Watanabe.

Claro que naquela época eu não tinha muito a noção do tamanho do privilégio que a vida me deu por poder aprender com figuras tão importantes da vivência do Budo. Hoje paro, penso muito a respeito e vejo que a formação da minha base como Budoka e também como pessoa, deve-se e muito ao convívio que pude ter ao lado destes mestres.

A técnica, sim claro, mas mais importante que isso, eu aprendi com eles o que é certo e o que é errado para seguir trilhando o caminho do Karate-Do. Lição que faz toda diferença, não existe honra em quem não não respeita o certo e o errado dentro da arte marcial.

O Karate-Do é uma longa viagem e os mestres já rodaram um mundo todo.
Uma longa viagem era aquela, naquela van apertada e sem muito conforto. Mas lembrar do sensei Watanabe feliz e sorridente naquele dia parece ser uma lembrança muito mais forte do que o tempo, o desconforto ou até mesmo aquela viagem em si.

Porém chegando ali, eu descobriria que o mundo do Karate, não é o mesmo em todo lugar e que as coisas funcionavam de uma forma bem diferente agora...

0 comentários: