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segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Orgulho
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quinta-feira, 27 de outubro de 2011
O Forte
Crescer vendo meu irmão treinar, sempre se tratou de admiração. E sempre quando cito a palavra admiração, me refiro à admiração pelo resultado final, que se obtém através da soma entre vitórias e derrotas, multiplicadas pela experiência vivida. Algumas vezes tudo ia bem, os resultados estavam ali e tudo era muito fácil de ser admirado, em outras ocasiões porém, as coisas não iam bem, tudo era difícil e os resultados não eram os desejados.
Admirar e querer, se espelhar nos bons resultados de alguém, é um jeito óbvio de admirar, de fácil digestão que não requer muita coisa de quem admira.
Então acredito que para admirar alguém de verdade, é necessário admirar também esta pessoa nos seus piores momentos, admirar a essência da tentativa, da luta e não apenas os resultados.
Lidar com a dor. Por algumas vezes eu vi o meu irmão em má fase. Algumas vezes o trabalho na fábrica era duro e as condições de treino se tornavam horríveis pela própria condição do corpo cansado. Outras vezes, vi o treino ser feito da melhor forma possível e os resultados nos campeonatos não corresponderem. E algumas poucas vezes, lembro do meu irmão lidando com lesões que o impediam de treinar ou de treinar com o seu melhor estado físico. Eu vi as melhores e as piores fases.
Costumava pensar naquela época que ele era de ferro e que tudo que fazia era simples porque ele era forte, da mesma forma que costumava pensar que as dificuldades que eu tinha, ele não tinha, simplesmente porque era assim, forte por natureza. Não, não era.
Aí a verdadeira admiração, de quem sabe que ninguém é forte por natureza. A dor é a mesma para todos e o meu verdadeiro motivo de admiração, é saber disso e ver que a grandeza mora em fazer o que tem de ser feito. O melhor.
Então, a admiração cega daquela época foi se moldando, se tornando uma verdadeira admiração, respeito e acima de tudo uma lição que eu aprendia ali, para lidar com as minhas próprias derrotas e dores ao longo destes anos. Cai de pé, sempre o Budoka, ouvi um dia desses da boca do meu irmão numa das tantas conversas que temos hoje como parceiros de treino e de caminho. Até quando é ruim, eu me torno mais forte. Cai de pé.
Suava, cansava e doía. Com um olhar sempre duro, mas nunca distante, meu irmão dizia sempre, sem precisar abrir a boca que "o que dói em você, também dói em mim".
O que dói em você, dói em mim. Forte é quem sente, mas que vive acima de qualquer dor e este caminho é sobre isso, ser forte, só isso.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
O Caminho do Budo
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
No lugar certo, pelos lugares certos
Entre um treino aqui e ali, o tempo que eu tinha era gasto da melhor maneira possível. Tirando o tempo que passava na escola, havia o tempo que passava com meus amigos e também aquele, que passava com o meu irmão e os seus amigos.
Mais uma vez, eu era uma espécie de agregado, já que sempre ou quase sempre estive junto do meu irmão, para cima e para baixo.
Entre as lembranças desses amigos, eu lembro constantemente das voltas do Dojo de Sagara aos sábados quase de madrugada, quando passávamos em algum restarante para jantar depois do treino. Do restaurante Chinês "Hong Kong" ao Lamen-ya que chamávamos de porquinho por causa da higiene meio suspeita (que para nós era mais motivo de piada e risos do que preocupação em si).
Das conversas descontraídas, das risadas e até os pratos que comia, lembro de tudo como se fosse hoje. E essas lembranças são tão importantes, porque ali, aqueles lugares, também fizeram parte do meu caminho. Isso quer dizer que nada é feito só de sofrimento e sacrifício, existe sim no caminho os momentos em que pude rir e me divertir, momentos que hoje tem a mesma importância das horas que passei treinando naquela época. Enxergando essa importância, eu enxergo então Karate em tudo. Voltar do treino era sim parte do que tinha sido o treino.
Os treinos com o sensei Kodama, era um tipo de experiência muito diferente, que me tirava de uma rotina de treinos que eu estava acostumado. O estilo do sensei Kodama, era um estilo de Karate de contato, o que trazia para o treino diferenças principalmente na parte de Kumite.
Via meu irmão e o sensei Kodama treinando forte. Em um desses treinos eu vi pela primeira vez alguém quebrara um taco de baseball ao vivo com um chute. Porém o que eu guardo com mais respeito desses treinos, é a vontade que eu sentia naquela época de ser como eles.
Às vezes paro para pensar, vejo que hoje, eu devo estar naquele lugar onde eles estavam, fico feliz e isso me motiva a treinar cada vez mais, porque olhando para o lugar onde eles estão hoje, sei que estou indo para o lugar certo. Enfim, todos os lugares do meu caminho até aqui, soam na minha mente como os lugares mais certos para estar.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Na companhia de amigos
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Discípulos
De Karate-Gi novo, como se ali fosse começar uma nova parte da jornada(de fato era uma nova parte). Ter aquele Karateg-Gi era uma aprovação e dentro do Budo, quando isso acontece, apenas significa que a partir daquele instante, a responsabilidade aumenta. Isso é bom, pois quer dizer que é uma nova etapa vista com bons olhos pelo sensei, que é uma nova etapa onde o bem mais valioso conquistado se chama confiança. Não a sua confiança, mas a daqueles que te guiam.
A essa altura, o meu irmão não era mais um aluno, era um discípulo. Não, aluno e discípulo não são a mesma coisa. Todos são alunos, poucos são discípulos. Para ser aluno, basta estar matriculado em algum Dojo e frequentar as aulas. Mas para ser discípulo, é necessário querer ser o que você vê ali, é necessário querer viver as coisas que você aprende ali, no Dojo? Não em todos os cantos da vida. Sucessão da técnica, sim, mas uma sucessão de ideais.
Então, apesar da pouca idade do meu irmão que ainda era jovem, eu via nele um discípulo de Sagara. Pouco a pouco, com meus passos dados no meu poprio caminho que na maioria das vezes era "o mesmo" do meu irmão, eu me tornava cada vez mais disípulo e cada vez menos aluno dele.
Claro que alunos tem o seu papel dentro do Dojo, mas o discípulo tem o seu papel diretamente ligado ao futuro do Dojo (os ideais de um Dojo, o futuro destes ideais, pois se não se trata-se disso, chamaria-se KarateJo e não Dojo) e consequentemente do Karate-Do que aquele ensina.
Nunca nada é mais fácil para niguém, muito menos para quem se coloca na condição de discípulo(sim porque cada um escolhe o que quer), então uma aprovação vinda de cima, sempre vai ser o maior motivo de orgulho, certeza e alegria para aquele se colocou ali como discípulo. Não é uma alegria sentida no ego, mas nos punhos e nos pés que fazem a coisa certa.
Para mim era só o começo, mas para o meu irmão era afirmação. Um começava sua jornada o outro, firmava os passos na estrada.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Ser e Vencer
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Trocando de roupa, adeus Fuji Daruma
Chegou a hora. Ter um Kimono de lona no Dojo de Sagara, era uma espécie de sinal de reconhecimento. Como uma espécie de aprovação, que dali em diante você podia sim usar uma "roupa mais bonita" porque era merecido. Não que fosse uma questão de status ou coisa assim, mas simplesmente porque era um Dojo onde a humildade prevalecia e os Karate-Gis de lona, sendo mais caros, seriam considerados um certo desperdício de dinheiro para iniciantes ou coisa assim.
Como já era faixa marrom e cada vez mais o Karate-Do fazendo parte da minha vida, com o recente título estadual de Shizuoka, sim, era hora de dizer adeus ao vellho Fuji Daruma e investir um pouco mais no "traje do caminho".
Num sábado antes do treino, passamos na loja da Kondo-san para encomendar o meu novo Karate-Gi. Já era tradição dos alunos de Sagara, comprar os materiais utilizados no Karate ali, na Kondo Sports. Tradição que claro, também se consolidava pelo fato da loja ser a única da cidade com tais materiais, mas além disso, o fato da Kondo-san ser aluna lá do Dojo colaborava imensamente.
Na loja havia de tudo. Me espeta até hoje até, pois a cidade era pequena, mas a loja tinha desde Bogus de Kendo à modelos mais recentes de luvas de Baseball da Mizuno. Eu adorava estar ali, sempre me enchia os olhos estar ali, naquela lija simples, mas com tanta coisa legal para ver.
De Karate, haviam apenas os materiais baratos da Fuji Daruma e as luvas da Mizuno.
Naquele dia, entramos na loja e fomos direto para o balcão do caixa, no fundo da loja. Meu irmãp pediu para a Kondo-san o catálogo da Tokaido, ela então o pegou de onde costumava guardar outros tantos catálogos de marcas de materiais esportivos. Ali estava, nas mãos do meu irmão a foto do meu primeiro Karate-Gi de gente grande. Tokaido, Kyukyoku (Ultimate).
Da encomenda até a chegada, deve ter demorado umas duas semanas, que dentro do meu padrão de ansiedade pareciam um ou dois anos. Lembro da cor, da textura e do cheiro como se fosse hoje. E com aquela pequena tradição de Sagara, eu aprendi que o dinheiro não vale nada se o que é comprado com este, não é honrado com a sua capacidade. Ou seja, boas chuteiras não fazem grandes jogadores e roupas bonitas não fazem pessoas bonitas.
Um grande material só ganha a vida necessária, se você for capaz de dar esta vida. Após dar vida a um material simples e exigir o máximo daquele mesmo, era hora de tentar fazer o mesmo com algo de outro nível. Aparentemenre agora, eu estava mais parecido com o meu irmão e os outros senpais do Dojo, mas antes disso foi necessário ser internamente mais parecido com eles.
Adeus Fuji Daruma.