Com toda certza, o dom não foi o nosso forte até aqui.
Aquele ano de 1994, foi um ano de grandes lembranças. Disputei campeonatos imortantes e venci pela primeira vez um campeonato no Japão. Treinava todos os dias com o meu irmão e aprendia muito com todas as situações. Era muito treino, mas muito mesmo.
Não era sempre prazeroso. Sempre deixei bem claro isso. O grande prazer, sempre esteve ligado em me tornar melhor a cada dia, isso quase sempre estava diretamente ligado à trabalhar em cima de suas fraquezas ou seja, não existe zona de conforto, só zona de desconforto talvez.
Porém, ter o meu irmão comigo nos treinamentos sempre me ajudou a encarar isso tudo da forma certa. Afinal, eu queria ser como ele. Nele eu via o que eu devia ser.
Eu nunca vi o meu irmão reclamar de nada. Sempre o via fazendo as coisas e nunca falando a respeito delas. Eu nunca o se queixando sobre os problemas e as dificuldades do Karate, sempre o via agindo, tentando, sempre fazendo o melhor possível. Eu nunca vi o meu irmão desistir de uma luta, por mais forte que o adversário fosse e por mais doído que fossem os golpes. Eu nunca vi o meu irmão pensando sobre algo que não pudesse fazer e sim, sempre pensando em alguma forma de fazer. Foi olhando para ele sempre, que eu vi o que deveria ser feito.
Logo, naquele ritmo intenso de convivência e treino, eu aprendia também aos poucos a não falar das coisas, porque o tempo gasto falando, é muito mais valioso se gasto treinando. Assim como meus irmãos, eu tenho uma personalidade forte. Muitas vezes fiz as coisas a contra gosto e o meu irmão sabe disso, porém ele só sabe disso porque me conhece e não porque eu tenha dito algo na época.
É necessário calar-se, e deixar o fogo que existe dentro de si queimar com atitudes, o treino sempre foi a minha atitude e o silêncio meu companheiro nessas horas. Não há lugar para falas no meu modo de ver as coisas, não para quem segue adiante.
Para mim, o meu irmão significava "Faixa Preta" e eu, só queria ser como ele. Falei menos coisas que queria e com o silêncio fiz o que devia, logo compreendo então, porque merecia fazer o exame.
Não era dom e nunca foi. É só uma questão de tempo, fogo e silêncio, é a nossa alma.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
O tempo, o fogo e o silêncio
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