segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Shinsa

Para muitos, praticar uma arte marcial é apenas mais uma atividade física ou um mero esporte. Mas para quem conhece os conceitos do Budo e principalmente, faz parte de famílias que mantém as tradições, é muito mais do que praticar, é preciso viver a arte marcial. Talvez o Horácio ainda não tivesse noção da dimensão de se tornar um Faixa Preta ali, mas com certeza sabia da sua responsabilidade.
Ele estava prestes a prestar um exame que para os garotos japoneses já era uma grande façanha, mas que para ele tinha um peso ainda maior, além de ser brasileiro, havia sido indicado pelo próprio Sensei Konomoto com menos de três anos após ter iniciado no Karate. Isto de fato já era por si só um grande mérito, mas também reconhecimento de muito esforço e para nós, a família, motivo de orgulho.
Mas, ele ainda precisava passar no exame, era necessário ainda ultrapassar aquele último obstáculo. O último obstáculo para iniciar realmente o verdadeiro caminho do Karate, pois a conquista da Faixa Preta indica que o aluno está pronto para trilhar o caminho do Budo.

Aquele Dojo é uma parte importante de minha vida. Muitos dos conceitos da vida e não apenas as técnicas do Karate, foram aprendidas ali, com suor, com esforço, mas também com muita sabedoria, paciência e confiança do Nagatani Sensei e do Mestre Konomoto.
Ser parte daquele Dojo era um motivo de orgulho. Estar ali assistindo ao exame do meu irmão, dobrava este sentimento, pois tinha a certeza no fundo de minha alma que o sobrenome Saito seria também um dia motivo de orgulho para nossos Senseis e poderia assim retribuir tudo que haviam me ensinado.

Dia de Shinsa, dia orgulho para a família Saito, principalmente para mim, que pude ver meu irmão com apenas treze anos se tornar a partir de então um "Kuro Obi".


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