Viver no Japão pode ser difícil quando estamos longe da nossa família, dos nossos amigos, enfim, de todas as pessoas que amamos, passei por este período, logo que cheguei ao Japão e posso afirmar que não é bom. Mas, depois de dois anos, a família Saito estava unida novamente e isto era um motivo de felicidade constante. O Horácio já estava treinando Karate com o Mestre Konomoto já há mais de um ano e sua evolução era notável. Claro, que em nossa família, tudo corresponde à 20, 30% de dom natural e os outros 70, 80% tem que ser de muito esforço. Elogios então, rsrsr não existiam, ser bom era uma obrigação. Treinar no Japão, além de ser o berço da arte, é também o berço da qualidade de equipamentos. Os karate-gis não é preciso evidenciar a qualidade desde a confecção dos tecidos, até o primor nas costuras, é tudo perfeito. Dentro destes equipamentos, tínhamos os de proteção e em campeonatos era obrigatório. O MenHo (capacete) da Mizuno, o protetor de tórax para crianças e mulheres e as luvas da Mizuno, tudo oficial e aprovado pela JKF (Japan Karate-do Federation). Naquele ano (por volta de 1993) foi lançado uma luva da Tokaido e que era aprovado pela JKF e oficiais para os campeonatos Intercolegiais. Claro que comprei um par para testarmos.
O que me dá um certo ar de nostalgia, ver aquele equipamento que um dia foi novinho e agora totalmente destruido (rsrsr), ainda mais sabendo que foi graças a tanta utilização e muito treino. Naqueles equipamentos estão muito suor, muito sangue (meu e dos adversários), mas também muitas lembranças.
Lembranças dos Campeonatos Estaduais que venci e também dos que perdi. Das lutas memoráveis que tínhamos dentro do nosso Dojo, entre eu e o Yamashita-san, dos Campeonatos Nacionais que eu nunca cheguei a uma final.
Estas coisas materiais, assim como também os troféus e medalhas, trazem as lembranças dos valores envolvidos, de tudo que foi feito para suas conquistas. Ver as minhas velhas luvas, me leva àquela praia de Sagara-cho onde fica o Dojo, ou o ar do calçadão de Omaezaki, onde corri e pedalei muito. Me traz a sensação de gelado nos pés, que no inverno ficavam quase congelados no treino naquele piso de madeira do Dojo. Me traz a lembrança que antecedia o início de um combate em um campeonato, sabendo que era o único estrangeiro ali ou o som do trem bala, enquanto viajava para ir treinar.
Nossos maiores troféus são aqueles que nos trazem as maiores lembranças, assim, minhas velhas luvas são para mim, um grande troféu.....
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