segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Saito Kyodai
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
A era do preto e branco
Não havia motivos para não ser verdadeiro. Não há motivos para não ser verdadeiro, para mim esta continua sendo a afirmação sobre tudo isso. Os socos de ontem já foram absorvidos por quem você se tornou hoje, o que resta sempre ao amanhacer, é o que você vai fazer nas próximas vinte e quatro horas, caso contrário de nada vale o passado.
Parte do que entendo por honra, quer dizer, lutar no presente pelo futuro para ser fiel às batalhas vencidas, ser fiel às glórias do passado.
Só há espaço para a verdade na afirmação "eu sou faixa preta" e neste caso a verdade se faz nas tentativas do presente, caso contrário, a afirmação correta seria "eu era faixa preta". Quem é alguma coisa, luta.
O caminho com o passar dos anos(das faixas e graduações) se torna cada vez mais preto no branco. As perguntas exigem respostas concretas, só há espaço para sim e não. Muita gente na vida confunde equilíbrio com algo mal preenchido. Estar sempre no meio do caminho não quer dizer que isso seja equilibrado, só quer dizer que é incerto.
A era do preto e branco é o que penso sobre a faixa preta. O branco que um dia se torna preto e o preto, que por sua vez, vai ter que se "gastar" para ficar branco novamente. A cor preta é o que todos buscam no início de tudo, mas logo adiante o que se percebe é que na realidade, o grande aprendizado e o engrandecimento do ser que se procura, mora no branco.
Um papel cheio de verdades é o que guardo no final do dia, um papel cheio de mentiras não existe nem no arquivo e nem na mesa. E pela manhã, no dia seguinte, sempre há esta folha em branco esperando pelas palavras: Eu sou faixa preta.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Kuro Obi - O início do Caminho
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Onde as coisas começam
O lugar era o mesmo, as pessoas também. Os mesmos golpes, as mesmas sequências, os mesmos passos. O clima lá fora, não era diferente daquele encontrado há alguns anos atrás, ali, naquele mesmo lugar.
O gosto da água no intervalo, era o mesmo de sempre.
Mas algo mudara naquele dia.
O Karate-Do, é arte, o caminho por onde aprendemos através de um mesmo soco, novas verdades todos os dias. Aquele dia, para mim representava exatamente isso.
Anos atrás, eu pisava ali como um novato. Um papel em branco sem rabisco, desenhos ou palavras, agora três anos mais tarde lá estava eu, cultivando no meu papel a verdade que eu adquiri ali dentro, lapidando através da técnica, as verdades que eu queria para mim. Naquele papel, agora havia a minha verdade, moldando-se a cada dia, agora crescendo como gallhos em um tronco sólido chamado Karate-Do.
O mesmo não é mais o mesmo, porém sempre segue na mesma jornada.
É engraçado dizer isso, mas ao colocar a faixa preta pela primeira vez, me senti gente grande. Por mais que soubesse que à partir daquele momento teria pela frente novos desafios (isso inclui a palavra DIFICULDADES), a sensação era de muito orgulho. Um orgulho de ter feito algo grando por mim mesmo e tabém um orgulho por ter feito naquele momento as pessoas que sempre acreditaram, que um dia eu faria a mim mesmo orgulhoso, orgulhosas também.
Lembro de no final do exame, ter tirado fotos ao lado do sensei Nagatani. Quando fui tirar uma foto solo, por sugestão do meu irmão, ele disse "faça uma pose bacana" e eu, fiz um kamae do Kata Seienchin para a foto.
Eu que que no dia anterior acabava de completar meus treze anos. Tudo estava exatamente ali, da melhor maneira, muito além do que eu podia imaginar há três anos atrás.
Geralmente, as pessoas dizem que tudo tem começo, meio e fim. Mas eu, prefiro pensar que estamos sempre começando. Aquele dia, aquela faixa, era só mais um novo começo.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Shinsa
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Acreditando para acreditar
Por incrível que pareça, mesmo estando prestes à relizar o exame para Shodan-Ho, eu não pensava muito à respeito. Na verdade, as coisas eram tão intensas no dia a dia que não era necessário pensar no que vinha adiante. Hoje, muitos anos depois, eu me pergunto se isso faz parte de quem eu sou ou se aprendi a ser assim no decorrer da minha vida.
Era tudo tão intenso, é tudo muito intenso. Era tão ocupado com o dia de hoje, treinando para ter o melhor da minha capacidade, para ser fiel à tudo aquilo que eu esperava, que o exame para Shodan-Ho tornava-se um detalhe.
Veja bem, não apenas um detalhe, mas um detalhe especial. Sentia que ser faixa preta era uma questão de fazer as coisas no presente, o que começava já quando estava na faixa marrom. Todo faixa marrom, há de se comportar como faixa preta se esta faixa for o seu próximo objetivo. Isso eu aprendi. Então, o dia de hoje era mais importante do que o dia do exame.
Sempre aprendi ali, dentro do Dojo, que o exame de faixa era feito no decorrer do tempo e que o "dia do exame" era apenas um dia que simbolizava o teste, o aprendizado daquele tempo vivido com treino e dedicação. Era o dia de tornar concreto, aquilo que já estava presente.
Penso que todo discípulo, confia muito mais nas palavras dos seus mestres do que nos próprios pensamentos.e no decorrer do caminho, aprendem a confiar nos próprios pés. À partir do momento em que o sensei me permitiu, me deu aquela oportunidade, então é a palavra de quem te guia dizendo que você é capaz. No meu caso, tive grandes exemplos, senseis ali (incluindo o meu irmão) dizendo que sim, então, não passei um dia se quer até o exame, pensando que não fosse capaz. Acreditava neles e aprendia a acreditar também.
Esse caminho é sobre acreditar. Quem duvida não luta, quem duvida morre na luta. Acreditamos no dia de amanhã, mas lutamos sempre no presente. Não era fáciil e o ser humano é sempre estúpido ao achar que alguém lhe disse que vai ser, quando nnguém nunca disse nada a respeito. É o que é, e nós lutamos por isso.
Ser antes de ter. O tempo voa para os que são. Amanhã então, já era o dia de ter.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Treinando a ansiedade
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
O tempo, o fogo e o silêncio
Com toda certza, o dom não foi o nosso forte até aqui.
Aquele ano de 1994, foi um ano de grandes lembranças. Disputei campeonatos imortantes e venci pela primeira vez um campeonato no Japão. Treinava todos os dias com o meu irmão e aprendia muito com todas as situações. Era muito treino, mas muito mesmo.
Não era sempre prazeroso. Sempre deixei bem claro isso. O grande prazer, sempre esteve ligado em me tornar melhor a cada dia, isso quase sempre estava diretamente ligado à trabalhar em cima de suas fraquezas ou seja, não existe zona de conforto, só zona de desconforto talvez.
Porém, ter o meu irmão comigo nos treinamentos sempre me ajudou a encarar isso tudo da forma certa. Afinal, eu queria ser como ele. Nele eu via o que eu devia ser.
Eu nunca vi o meu irmão reclamar de nada. Sempre o via fazendo as coisas e nunca falando a respeito delas. Eu nunca o se queixando sobre os problemas e as dificuldades do Karate, sempre o via agindo, tentando, sempre fazendo o melhor possível. Eu nunca vi o meu irmão desistir de uma luta, por mais forte que o adversário fosse e por mais doído que fossem os golpes. Eu nunca vi o meu irmão pensando sobre algo que não pudesse fazer e sim, sempre pensando em alguma forma de fazer. Foi olhando para ele sempre, que eu vi o que deveria ser feito.
Logo, naquele ritmo intenso de convivência e treino, eu aprendia também aos poucos a não falar das coisas, porque o tempo gasto falando, é muito mais valioso se gasto treinando. Assim como meus irmãos, eu tenho uma personalidade forte. Muitas vezes fiz as coisas a contra gosto e o meu irmão sabe disso, porém ele só sabe disso porque me conhece e não porque eu tenha dito algo na época.
É necessário calar-se, e deixar o fogo que existe dentro de si queimar com atitudes, o treino sempre foi a minha atitude e o silêncio meu companheiro nessas horas. Não há lugar para falas no meu modo de ver as coisas, não para quem segue adiante.
Para mim, o meu irmão significava "Faixa Preta" e eu, só queria ser como ele. Falei menos coisas que queria e com o silêncio fiz o que devia, logo compreendo então, porque merecia fazer o exame.
Não era dom e nunca foi. É só uma questão de tempo, fogo e silêncio, é a nossa alma.