segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Início no Japão

Chegar no Japão foi um mixto de sentimentos. Um país com costumes, cultura e tradições diferentes, a falta do domínio no idioma e o futuro totalmente incerto, confesso que deu um pouco de medo. Mas agora não havia mais volta, já estava pisando em solo Nipônico e o que me restava era seguir em frente. Saimos do Brasil com um emprego de grampear fundos de caixa de papelão e ao chegarmos, nos deparamos com uma fábrica de container de madeira para transporte de peças automobilísticas. Serviço pesado e perigoso, mas era preciso trabalhar seis meses para pelo menos pagar as despesas com a passagem aérea. Todos os dias antes de trabalhar acordava às 5h da manhã para correr, eram 10 km no calçadão que haviam entre as cidades de Omaezaki e Sagara, queria treinar, mas ainda não havia conseguido encontrar uma academia de karate. Quando saimos do Brasil pensamos que ao chegar no Japão, se encontrará uma academia de karate em cada esquina...rrsrsrs.
O serviço era pesado e a cada dia chegava mais cansado. Me lembro de ter dias em que não havia força para nada mais, a não ser jantar e tomar banho. Nestes dias, o bom era que não havia tempo de sentir saudades, pois em outros era comum dormir com lágrimas no olhos, com as fotos da família e amigos embaixo do travesseiro. Mas nem tudo era tristeza. Ligava algumas vezes ao Brasil e era muito bom e reconfortante ouvir a voz de alguém da família do outro lado da linha. Muitos não sabem, mas aquelas ligações é que dão forças e mantém as pessoas sãs, o sentimento de solidão e a saudade é muito grande.
Acordar cedo para correr com a vista do mar e em alguns dias de sorte poder ver o Monte Fuji imponente, como se flutuasse na água, era uma visão fantástica e tinha um sentimento indescritível. Fazia meu treinamento diário de corrida e sózinho tentava corrigir os exercícios de karate que havia aprendido no Brasil, mas precisava encontrar um Dojo, precisava encontrar um Sensei para me ensinar.
Após muito procurar e com a ajuda de alguns amigos japoneses que acabei fazendo dentro da fábrica, houve a notícia de que havia um Dojo de karate na cidade vizinha de Sagara. Programei então para ir fazer uma visita no sábado e fiquei ansioso, muito ansioso, não conseguia pensar em outra coisa, será que eu seria aceito? Será que o karate dali seria diferente do que eu havia aprendido no Brasil? Será? Será?
Os dias se passaram e chegara então o grande dia, o táxi buzina lá embaixo, desço, entro no táxi e passo-lhe o endereço, estava agora a caminho de conhecer um grande homem.....

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