segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Shizuoka Goju-kan Honbu Dojo

O táxi para em frente ao Dojo. A placa de madeira com os ideogramas "Karate-do Goju-ryu" acima da porta, me fazia lembrar aqueles filmes antigos que via desde a minha infância. Olhei pela janela e não havia ninguém. Mas no fundo havia um bonito jardim e uma grande casa. Toquei a campainha e a senhora que me atendeu disse para eu entrar e que seu marido logo me receberia. Na sala, uma estante de vidro com algumas relíquia referentes ao karate, não apenas troféus ou medalhas, mas objetos de valor histórico. Fui então recebido pelo Sr. Konomoto Takashi, Hanshi 9 Dan, representante do estilo na Província de Shizuoka. Contei-lhe minha história enquanto tomávamos chá e que gostaria muito de poder aprender sob sua tutela e treinar em seu Dojo. Ele então me contou que conhecia o Mestre Watanabe do Brasil e que em seu dojo já haviam treinado pessoas de várias partes do mundo, da Malásia, China, Sirilanka, Estados Unidos, Austrália, entre outros, mas que do Brasil era a primeira vez. Passou-me as instruções e os requisitos para fazer parte do dojo, me despedi e eufórico retornei a meu alojamento. Acabara de conhecer um grande Mestre, um exemplo de ser humano e que me espelho até hoje.
Os requisitos para eu poder começar a treinar era conseguir alguém (japonês) que assinasse o termo de responsabilidade (caso eu usasse o karate de forma indevida) e que assim ficaria responsável por meus atos (um pai de aluno do dojo se simpatizou comigo e assinou o termo). E me comprometer em aprender de forma sincera e repeitosa os ensinamentos praticados naquele dojo, e assim comecei ali, sem questionar o que não entendia (treinar só com as crianças durante seis meses por exemplo) ou ficar exaustivamente repetindo um único movimento a aula toda e depois ir embora. Hoje sei que isto tudo era um teste, e que provei durante quase um ano que era sincero o meu desejo de aprender.
O tempo passa rápido e a saudade de casa era grande. Falava com minha família por telefone e era sempre um motivo de grande alegria, apesar de ser sempre triste a hora de desligar. Eu era muito ligado à família e confesso que foi muto difícil esta fase de separação, minhas irmãs, minha mãe, meu pai e meu irmão caçula, que já estava sendo influenciado pela arte do karate. Contava que para ir treinar tinha que ir de bicicleta e pedalava cerca de quarenta e cinco minutos, pois o dojo ficava na cidade vizinha e lembro de contar com muita alegria a minha promoção para faixa marrom.
A vida dá muitas voltas e uma mudança inesperada me esperava....

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