O ano de 1994 foi marcado por novos desafios. Fiz o exame para Nidan pela Japan Karate-do Goju-kai Association e também pela Japan Karate-do Federation. Foi então que meu Mestre Konomoto Takashi me promoveu a Shidoin (instrutor) para ajudar com os alunos mais novos do Honbu Dojo de Shizuoka, apesar das minhas dúvidas sobre se eu poderia realmente ensinar alguma coisa. Mas ali no Honbu eu contava com o Nagatani Sensei, que era o Shihan-dai (instrutor chefe) do Dojo e também os outros Shidoins, então eu mesmo ensinava muito pouco. Foi quando meu Mestre me disse que como eu morava na cidade de Hamamatsu, eu poderia ajudar três Dojos da região. Foi então que comecei a ensinar o pouco que sabia a alunos japoneses. Às segundas e quartas-feiras ajudava o Sensei no Dojo no centro de Hamamatsu, às terças e quintas-feiras ajudava no Dojo de Hamakita, aos domingos ajudava no Dojo em Hamamatsu que ficava dentro de um shopping center e aos sábados ia até o Dojo do meu Mestre. Confesso que no início fiquei meio apreensivo, pois além do fato de ser "apenas Nidan", eu era um brasileiro tentando ensinar a arte dos japoneses, aos japoneses. Mas, ensinar na língua japonesa, corrigir os erros, e cumprir todos os procedimentos tradicionais, fez com que qualquer barreira deixasse de existir. Tinha a confiança dos Senseis dos Dojos, em função de eu ter sido enviado pelo meu Mestre, e o convívio com estes Senseis também me fez parte de suas famílias.
Minha rotina, claro, aumentou bastante, mas, uma vez assumido o compromisso, não há desculpas para não cumprir. Durante a semana, quando trabalhava durante o dia, ia aos Dojos após o trabalho e quando estava trabalhando a noite, ia aos Dojos dar o treino e depois ia trabalhar. Aos sábados ia para o Dojo do meu Mestre treinava até às 22h30, voltava para casa e ia trabalhar até às 8h da manhã do domingo, voltava para casa, tomava um café reforçado e ia para o Dojo que ficava dentro do Shopping center. O treino com os alunos mais novos começava às 9h30 e ia até às 12h, depois treinava com o Sensei do Dojo até às 14h. Voltava para casa às 15h, almoçava e ia dormir.
Essa rotina semanal sempre era acompanhada pelo meu irmão Horácio, e isto nos aproximou ainda mais. Conversávamos sempre no trem, no táxi, na estação enquanto esperávamos o trem, no caminho a pé até chegar no Dojo.
Este fato de eu ter que ensinar, na verdade, me fez aprender muita coisa. Meu Mestre "é realmente um Mestre" e claro, tudo isso foi premeditado. Eu tinha que aprender muita coisa na prática, e ele mais uma vez, me pôs em teste.
Sou muito grato a estes ensinamentos, e me fez entender que se queremos progredir dentro do Karate-DO, todos nós, independentemente de sua idade ou graduação, temos sempre muito mais a aprender do que a ensinar, princípio básico da humildade.......
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