quinta-feira, 31 de maio de 2012

Um talento, um desejo

Nunca fui o melhor dos alunos. Nunca fui o melhor dos atletas e até hoje me vejo desta forma. Muitas vezes penso no que sobra de talento nato em mim, se eu tirar toda quantidade de treino e dedicação exigida até hoje. A resposta que encontro é sempre a mesma: Nenhum.

Vencer naquele dia, foi um passo importante dentro do meu caminho.

Eu nunca fui como o meu irmão. Nunca fui o mais confiante, nem o mais otimista. Mas eu aprendi.

Vencer em um terreno onde as pessoas não te conhecem, é provar a sua capacidade pela capacidade. Não existe "nome", não existe política, não existe nada a não ser a prova do seu merecimento. Então é o que vale.
Merecer é o que conta no travesseiro.

Naquele ginásio velho, a jornada se tornava mais sólida e um desejo era moldado com aquela vitória. À partir daquele dia, eu comecei a acreditar que realmente existia algum talento em mim, ali eu comecei a acreditar de verdade que eu podia fazer coisas que só eu podia. Ver coisas que ninguém vê, fazer coisas que ninguém faz, ser o que ninguém é.

Ser um campeão, que nasce, que se cria muito antes de qualquer título, resultado, medalha, dinheiro ou qualquer outra coisa do tipo. Ninguém nasce com uma coroa no meu modo de ver o mundo, você conquista.

De lá para cá, enfrentei atletas de diversos tipos, tamanhos e nacionalidades. Uns melhores que eu, outros não. Foram muitas derrotas e vitórias até aqui, eu continuo olhando para algo que eu ainda não consegui, para um lugar onde nunca estive, sempre com base naquele mesmo desejo moldado naquele dia.

Perdi a conta de quantas manhãs de inverno acordei às 5h da manhã para correr, de quantos golpes dei treinando sozinho, de quantas repetições eu fiz a mais quando na verdade o que eu queria era vomitar e cair.

Tive lesões que me acordaram no meio da noite e já pensei que não poderia mais fazer o que mais amo no dia seguinte, tenho lesões e não as uso como desculpa para justificar as minhas falhas. Eu treino com dor. Eu ignoro a dor.

Não há desculpas. Só um desejo e esse, talvez seja o meu talento.

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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Mendoza - Argentina

Lá estávamos nós naquele país, disputando o Sul-Americano representando o Brasil pela primeira vez. Chegamos no Ginásio, nos instalamos e esperamos pelo desfile das delegações. Estar ali é sempre mais do que somente competir, é representar o seu país, seus pais, amigos, seu Mestre e sua escola.
Eu ia disputar a categoria de Kata Adulto Faixa Preta acima de 3º Dan e fui me aquecer.
O fato de não conhecer os meus adversários me dava uma certa tranquilidade e eu queria apenas dar o meu melhor.
Na primeira rodada todos fizeram o kata Seienchin e eu me classifiquei entre os oito com as melhores notas.
Estava agora com a sensação de que poderia vencer e começava a ter que controlar um pouco a ansiedade. Chamaram então meu nome, e com certeza, até aquele momento, ninguém na América do Sul sabia quem eu era. Entrei no koto, fiz o cumprimento e gritei bem alto "Suparinpei". Comecei o kata como que em transe e nem percebi que o tempo passava, pensava apenas no movimento sendo executado, pensando em executá-lo da melhor forma possível, com força, com velocidade, com técnica, mas acima de tudo, com espírito, com significado.
Ao término da categoria, chamaram os nomes e ouvi chamarem o meu como campeão da categoria.

Meu irmão Horácio também competiria na categoria Kata e também no Kumite, só que no juvenil, 15 a 17 anos. O resultado foi: Campeão no Kata e Vice-Campeão no Kumite.
Ali naquele Ginásio, em Mendoza, na Argentina, no ano de 1996, os Saito Brothers começava sua jornada em Sul-Americanos. De lá para cá muita coisa mudou, nós mudamos. O que nunca mudou foi a nossa vontade de aprender, aperfeiçoar e treinar. Assim como algumas pessoas que conhecemos naquela época. Do William do Rio de Janeiro, que foi um dos primeiros amigos que fiz quando cheguei no Campeonato Brasileiro em Serra Negra, assim como o Julio Galdino. Do "Jordan" (Allan) que teve seu tênis roubado no alojamento e teve que voltar de chinelo no avião. São muitas histórias e o que nos deixa feliz é que muitos destes continuam também seus caminhos no karate.

Este ano acontece novamente o Campeonato Sul-Americano em Mendoza e nós iremos lá representar o nosso país com orgulho. Após dezesseis anos, estaremos novamente naquela cidade onde vencemos o Campeonato Sul-Americano pela primeira vez.....

Shizuoka Goju-kan saigo made ni



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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Que comece a viagem

Competir nunca fez de mim um astro de propaganda de marcas de material esportivo, nem muito menos um milionário astro como no basquete americano.

Competir, com excessão de pouquíssimas vezes ou fazes da vidade atleta, sempre me trouxe muito mais prejuízo financeiro do que outra coisa. Mas se por um lado gastei muito dinheiro, se fiz a minha família gastar dinheiro, não posso dizer que eu não tenha aproveitado cada momento de cada viagem.

Para este campeonato na Argentina, acabei recebendo uma pequena ajuda da escola onde estudava naquela época, o que mais tarde acabou me rendendo uma bolsa de estudos integral e aí, pode-se dizer que quitei a dívida(em partes) com o meu pai, pagando assim pelo menos os meus estudos.

Mas isso é uma outra história, porque eu nem se quer tinha ido para a Argentina e as contas se pagaram na escola depois que eu voltei, então voltemos ao assunto da pré viagem.

Tirando a viagem feita para oa Japão, eu nunca tinha visitado outro país. Está certo que par quem viaja para o Japão, qualquer viagem se torna curta e sem muito mistério, mas conhecer outro país era algo que eu ganhava como bônus por competir(assim continua até hoje).

Se não trouxe financeira muito mais do que algumas dívidas adquiridas e pagas ao longo do tempo, culturamente é sempre enriquecedora a experiência de ter contato com outros povos, suas culturas e costumes. E talvez mais importante ainda, é o fato de ter dividido tantas vezes esses momentos fora do país com amigos e parceiros de jornada. Conheci novas culturas, respirei ares diferentes e agradeço ao Karate por ter ganho amigos que podem contar as mesmas histórias que eu conto das minhas jornadas.

Competir é uma viagem, que você tem que curtir. Principalmente sendo atleta de Karate. E eu acredito que ali, naquela terra, naquele ginásio gringo, depois de alguns apuros em terra Argentina,lá estávamos nós, eu e o meu irmão.

Começava então a minha viagem.

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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Shizuoka Goju-kan na Argentina

Estávamos a caminho de Mendoza, na Argentina. Confesso que naquela época era difícil imaginar que éramos a Shizuoka Goju-kan, já que éramos apenas eu e meu irmão. Nem pensar sequer nisso eu pensava.
Estávamos lá pela primeira vez defendendo as cores da bandeira do nosso querido Brasil pela primeira vez, já que no mundial de 1993 em Tokyo, estávamos como parte do grupo que representava o Japão, pelo Dojo do nosso Mestre Konomoto Takashi.
Estar ali representava uma grande responsabilidade, a de conquistar espaço em lugar totalmente desconhecido para nós.

Viajamos de avião de Guarulhos até Buenos Aires e de lá para um aeroporto menor de ônibus para poder então embarcar rumo a Mendoza. Fiquei espantado com Buenos Aires à primeira vista, era uma cidade moderna, com seus traços tradicionais e um certo romantismo em sua arquitetura, mas ao mesmo tempo, acompanhando a modernidade de uma grande metrópole. O ônibus atravessou toda a cidade de Buenos Aires por um elevado, sem pegar trânsito nem farol e nessa hora fiquei imaginando a mesma situação no Brasil, descendo em Cumbica-Guarulhos e tendo que se deslocar até Congonhas, iria perder o vôo com certeza. 

Chegando lá, ficamos em um tipo de albergue, junto com outros atletas. Confesso que as condições de hospedagem tanto no Brasil como na Argentina me causavam uma certa estranheza, afinal de contas havia praticamente acabado de voltar do Japão, e lá, sempre que viajei para competir as acomodações eram bem diferentes. Mas somos brasileiros e neste ponto é muito bom, pois nos adaptamos a qualquer circunstância, não é mesmo? Era o suficiente para dormirmos, tomarmos banho e descansarmos, então estava muito bom. 

O que sempre é diferente e no meu caso, gosto bastante, é o fator comida. Gosto de ir a lugares diferentes e experimentar a culinária local e seus pratos típicos. Claro que nem sempre esta é uma situação agradável, mas na maioria das vezes é sempre bom e de valor explorativo, gastronomicamente falando.

Estávamos prestes a competir, mas não me lembro de ter tido ansiedade ou nervosismo, estava tranquilo e o fato de ser tudo novo e diferente de como era no Japão, acho que ajudava a não pensar tanto no campeonato em si.

No dia seguinte iríamos iniciar o caminho da Shizuoka Goju-kan do Brasil em terras internacionais, era o início dos Saito Brohters no Campeonato Sul-Americano.....


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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Moldando o merecimento

Com um kimono a menos e uma faixa preta, um objeto muito pessoal e significativo a menos, voltei para casa. Com algumas histórias novas, umas boas,  outras nem tanto, mas com uma nova experiência adquirida que sem dúvida me serviu muito bem como cartão de visitas, de como as coisas funcionavam por aqui.

Trouxe comigo também novas amizades que naquela época eu mal imaginava que seriam tão duradouras. Se existe uma coisa dentro da vida de atleta de Karate que posso dizer que ganhamos de verdade, já que não há glamour nenhum, não há salários milinoários, mídia nem nada do tipo é a amizade daqueles que lutam muitas vezes como adversários, mas que ao longo dos anos acabam se tornando grandes parceiros de uma parte do caminho do Karate-Do que é a competição.

Dentro de alguns meses, o Sul-Americano da Goju-Kai nos esperava lá na Argentina. O primeiro como Brasil, o primeiro como Shizuoka Goju-Kan do Brasil, fora do Brasil.

Treinar duro não era novidade. Novos desafios para o meu irmão, só funcionavam como lenha nova jogada na fornalha e eu, ia nesse embalo como parceiro de treino.

Treinar Karate se trata sempre de sinceridade. Aquele que não traz a sinceridade para o treino, que fique em casa. O treino é duro e mesmo maior, mesmo um pouco mais velho, eu ainda penava e muito para acompanhar o ritmo do meu irmão. Nunca teve um dia sequer que o nosso treino não tenha sido sincero. Dos acertos aos erros, das defesas aos ataques, tudo tinha a marca da verdade de cada um.

Quem quer competir, precisa querer merecer. Não existem títulos, medalhas e resultados construídos somente com a sorte. A sorte, a oportunidade existe, mas quem nãoestá preparado, simplesmente não aproveita e acaba dependendo de mais sorte, que neste caso dá para dizer que é cuspir na sorte anterior.

Nós sempre treinamos, lutamos e trabalhos muito duro correndo atrás do merecimento. Sem merecimento, não importa o que for, não tem valor.

Você é muito antes de ter as coisas e nós contruíamos e continuamos construindo o que nós somos ali, dentro daquele Karate-Gi surrado de treino, encharcado de suor.

E no final do treino, só existe uma pergunta:
Você foi sincero com o melhor e o pior de você?
A resposta é o que você leva, em busca do seu merecimento. Naquele ano, naqueles treinos, eu tenho a maior certeza do mundo, que merecimento nunca nos faltou.

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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Saito Brothers - Shizuoka Goju-kan do Brasil

Voltamos do Campeonato Brasileiro de Serra Negra com as vagas garantidas na Seleção Brasileira para o Campeonato Sul-Americano em Mendoza, na Argentina. Eu começava agora um novo desafio. 
Graças ao meu tio Tadao, que na época era diretor de um clube da colônia japonesa em Guarulhos, iniciei o Departamento de Karate. Na primeira aula, estávamos eu, o Horácio e o nosso primo Felipe, que foi nosso primeiro aluno. Isso foi em Setembro de 1996. De lá para cá, podemos dizer que "evoluímos" já que hoje não são apenas eu e o Horácio que fazemos parte da Seleção Brasileira, mas sim, vários alunos de diversas categorias e idades.
Neste sentido, posso dizer que um dos mais valiosos ensinamentos que nosso Sensei nos transmitiu e que todos os dias tentamos demonstrar a nossos alunos é que todo conceito e teoria deve ser comprovada na prática, karate só se entenderá e compreenderá, se for praticado e treinado todos os dias, com suor, com dedicação, com honra. 

Treino, isso é o que sempre se baseou a minha amizade com meu irmão. Podemos dizer que nosso sentimento é sincero porque estávamos constantemente em treino, e nessa hora, quando se está frente a frente com seu companheiro, todo sentimento tem que ser verdadeiro, quem é o atacante ataca e quem é o defensor defende, simples assim. Só existirá uma defesa verdadeira, se for fruto de um ataque verdadeiro. Nossa cumplicidade se baseia na veracidade de nossos treinos. 

Assim, portanto era o nosso dia a dia depois que retornamos do Campeonato Brasileiro em Serra Negra, treino, muito treino. Buscar o título Sul-Americano era muito importante, representar o nosso País com orgulho. 
Claro que a vida de atleta e professor no Brasil não é fácil e conseguir patrocínio é sempre um ato de fé. Acreditar sempre que irá conseguir tem que estar até o último segundo. Para a Argentina não seria diferente e então começamos a nossa peregrinação atrás de recursos para pagar nossas despesas com a viagem e hospedagem. 

Mas quem acredita sempre alcança, já dizia o velho ditado, a nossa viagem para a Argentina estava garantida, então nos restava o que mais nos agradava em fazer: Treinar.

Saito Brothers - irmãos de sangue, amigos de verdade!!!!!


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quinta-feira, 10 de maio de 2012

Realidades e Guerreiros que dizem sim

Desde a minha volta, tinha competido apenas uma vez em solo nacional. Em tal experiência fui bem, ganhando medalha e tudo mais. Mas acredito que aquela experiência não conta muito como "dia de campeonato no Brasil". Isso porque naquele dia, eu fui acompanhado dos meus pais e logo após ter cumprido com o meu dever ao competir, fui embora e nem vi a competição msmo, o evento todo em si.

Se você é atleta de Karate, se você já foi atleta de Karate, você sabe do que estou falando quando digo "o evento todo em si". Passar o dia todo num ginásio, quando a competição é relativamente bem organizada para os padrões brasileiros, já não é lá um dos programas mais agradáveis para levar a família toda(deveria, mas não é).

Pois bem, até aquele momento na van, eu não conhecia essa realidade.

Talvez eu me lembre daquele campeonato como um dos mais terríveis em que já estive. Não sei se é por conta do choque ou se de fato foi tão ruim assim. O ginásio, bem, não era um ginásio. Era algo como um centro de convenções ou coisa assim, com uma espécie de piso frio, totalmente adequado para competições esportivas(ironia). Olhava ao redor daquel ginásio e não sabia muito o que pensar a respeito. Passamos um tremendo frio dormindo no chão do "alojamento" ou melhor, passamos a noite, porque o pessoal não colaborava muito e era uma zona que só.

Pouco a pouco na competição, conhecíamos as pessoas dali daquele meio. Mesmo passado tanto tempo, algumas dessas pessoas continuam na ativa e treinando o bom e velho Karate-Do como nós, tenho orgulho de conhecê-las, outras porém já não estão trilhando o mesmo caminho. São escolhas da vida, onde sempre há a opção de ficar ou partir. Eu sinto orgulho por todo dia ser aquele que fica, assim como tenho orgulhod o meu irmão e também dests amigos que até hoje continuam dizendo sim para o Karate-Do.

Uma lembrança que beira o bizzaro neste campeonato, foi ver um sujeito fazer o Kata na categoria do meu irmão logo apoós terminar sua apresentação, se ajoelhar em seiza e esperar a nota, enquanto os juízes levantavam seus caderninhos com as notas anotadas, mas todos sentados em cadeiras normais e o sujeito ali, ajoelhado, como se aquilo fosse um sinal de respeito a mais que lhe fosse dar algum ponto extra.

Quando vi aquilo pensei comigo: Mas o que diabos é isso? Será que é assim que as coisas funcionam aqui? Nunca vi isso no Japão! No Japão! A Terra do Karate!
Para o meu alívio, não, não eram. Se tratava apenas de uma melância no pescoço.

A missão foi cumprida, mas tudo era muito diferente e por hora, eu e o meu irmão eramos só dois forasteiros naquele meio. Tão forasteiro talvez que alguém decidiu roubar a minha mala! Com Karate-Gi e faixa preta dada pelo meu sensei no Japão(alguém viu por aí? Ainda está em tempo de devolver).

Dizem que a primeira impressão é a que fica. Mas nesse caso, o tempo levou ela embora junto com um bocado de coisas e o que fica na verdade, são aqueles que sempre estão dizendo sim ao Karate.

Se hoje escrevemos essa história, é porque o sim, sempre foi a nossa resposta.

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segunda-feira, 7 de maio de 2012

Saito Brothers Brasil

A caminho do Campeonato Brasileiro de Karate-do Goju-ryu que seria realizado em Serra Negra no final de semana, conversávamos sobre várias coisas naquela van apertada. Viajar com o Mestre Watanabe era uma grande honra, mas também era possível ver o quanto um Mestre é grande não apenas em sua técnica ou graduação, mas sim no exemplo como ser humano, dos valores que regem esta arte marcial aplicados na prática.
Mas, uma outra coisa fazia daquela viagem especial. Era também a volta dos irmãos Saito competindo juntos, para mim era muito bom poder voltar ao Brasil, mas principalmente voltar para perto da minha família. Era o primeiro campeonato Brasileiro da Shizuoka Goju-kan no Brasil e o primeiro campeonato Brasileiro dos Saito Brothers.

Confesso que estranhei o campeonato, principalmente a organização. Estava acostumado com os campeonatos no Japão, onde se tem o koto, a categoria e o horário onde se irá fazer kata e kumite, já com as chaves, no livreto da programação que você recebe na porta do Ginásio, no início da competição. Aqui era um verdadeiro caos...rsrsrs. e não se sabia qual seria a próxima categoria que iria ser chamada. O campeonato era em dois dias e dormimos no Ginásio, quer dizer, tentamos dormir, por causa do frio e do barulho. Posso dizer que aquele campeonato me deu uma noção exata do trabalho que teríamos pela frente aqui no Brasil. 
O bom do campeonato é que agora fazíamos parte da União Sul-Americana de Karate-do Goju-ryu, presidida pelo Mestre Watanabe e com o resultado do campeonato Brasileiro, havíamos conquistado as vagas para representar o Brasil na Argentina no Campeonato Sul-Americano de Karate-do Goju-ryu. 
Dever cumprido!!!!!

De lá para cá muita coisa mudou, trabalhamos duro para fazer com que a Shizuoka Goju-kan crescesse e ensinar a nossos alunos os valores que aprendemos com o nosso Mestre Konomoto no Japão. Quando cheguei aqui no Brasil, havia acabado de conquistar meu San Dan e com isso uma grande responsabilidade de ensinar o Karate-do Goju-ryu de acordo com as diretrizes da matriz da IKGA em Tokyo. 

Saito Brothers rumo à Argentina!!!!!


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quinta-feira, 3 de maio de 2012

Os Mestres de uma viagem

Mal tinha voltado do Japão e lá estava o meu irmão já engajado naquilo que seria a nossa nova jornada juntos pelo Karate. O destino era a cidade de Serra Negra.

A van era apertada e eu não conhecia as pessoas. Porém, tinha de novo o meu irmão ao meu lado e isso bastava para que eu fosse para qualquer canto sem saber muito bem o destino.

Foi neste dia que eu conheci o mestre Ryuzo Watanabe e logo de cara eu já tive a mesma impressão que carrego ate hoje do sensei. Alegre, receptivo e de bom coração. Esta primeira imagem que tive do sensei naquele dia dentro daquela van apertada,  foi a imagem que eu vi durante os anos que pude ter contato com ele e é sem dúvida alguma a imagem que eu guardo hoje, mesmo após sua morte ocorrida anos atrás.

É engraçado, porque uma vez mestre, sempre mestre e estes, parecem todos iguais.
Como brasileiro, posso dizer que sou uma pessoa de sorte. Pois conheci vários sujeitos que se enquadram nesta categoria acima dos seres comuns.

A sabedoria, a humildade e a sensação transmitida de que tudo, não importa o que seja, vai ficar bem. Em palavras, seria mais ou menos esta a sensação de estar junto de uma pessoa do meio do Budo, chamada de mestre. E essa era a sensação que eu tinha, treinando com o sensei Konomoto e ali, naquele momento com o sensei Watanabe.

Claro que naquela época eu não tinha muito a noção do tamanho do privilégio que a vida me deu por poder aprender com figuras tão importantes da vivência do Budo. Hoje paro, penso muito a respeito e vejo que a formação da minha base como Budoka e também como pessoa, deve-se e muito ao convívio que pude ter ao lado destes mestres.

A técnica, sim claro, mas mais importante que isso, eu aprendi com eles o que é certo e o que é errado para seguir trilhando o caminho do Karate-Do. Lição que faz toda diferença, não existe honra em quem não não respeita o certo e o errado dentro da arte marcial.

O Karate-Do é uma longa viagem e os mestres já rodaram um mundo todo.
Uma longa viagem era aquela, naquela van apertada e sem muito conforto. Mas lembrar do sensei Watanabe feliz e sorridente naquele dia parece ser uma lembrança muito mais forte do que o tempo, o desconforto ou até mesmo aquela viagem em si.

Porém chegando ali, eu descobriria que o mundo do Karate, não é o mesmo em todo lugar e que as coisas funcionavam de uma forma bem diferente agora...

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