segunda-feira, 30 de julho de 2012

O ÚLTIMO POST

Hoje é o último post desta temporada. Em breve estaremos de volta com novidades, algumas bem legais mas que não podemos contar por enquanto..... e claro, com novas histórias do SAITO BROTHERS.

Tínhamos tomado a decisão de viajar a Santiago para representar o nosso País, mas principalmente para representarmos o Mestre Ryuzo Watanabe. Fora uma perda imensurável, mas queríamos lembrar sempre do Mestre Watanabe com alegria e da forma que ele sempre nos ensinou, de karate-gi.
Neste Sul-Americano, eu e o brother Horácio não estávamos mais sozinhos, alguns dos nossos alunos também estavam ali defendendo as cores do nosso país, o que me deixava bastante orgulhoso. 


Iria competir no Kata adulto acima de Sandan, no Kumite Individual até 65 kg, no Kata Equipe, no Kumite Equipe e no Bunkai-Kumite-Kata. Era uma grande responsabilidade, mas o clima era de alegria. Os alunos, viajando pela primeira vez para fora do País, faziam uma grande festa. Apesar de alguns sustos que os alunos me deram (um deles é ao chegarmos em Santiago e ao descer do avião, um dos alunos me diz que perdeu seu passaporte, só depois de muito procurar no aeroporto e quase buscar ajuda ao consulado, ele percebe que o que ele perdeu não era o passaporte, pois ele nem tinha, o que perdera era o ticket de embarque), a viagem foi tranquila e fomos enfim para o hotel. 

Já no Ginásio para a competição, tivemos uma grande homenagem ao Mestre Watanabe e que emocionou a todos os presentes. Um Grande Mestre e todos sem exceção sentiram sua partida.
Mas o clima logo saiu da tristeza para o de competição, começaram pelas crianças e os nosso alunos já começaram também a se destacar.

Competi no kata individual acima de San Dan e consegui me consagrar Vice-Campeão, logo depois fomos competir o Kata Equipe (eu, o brother Horácio e nosso primo Felipe) e ficamos também com a segunda colocação. Eu e o brother Horácio fomos então competir o Bunkai-Kumite-Kata e conseguimos nos consagrar Campeões da categoria, para a nossa alegria. Competi ainda no kumite até 65 kg e no kumite equipe e consegui em ambas a medalha de bronze.

Mais do que as minhas conquistas em si, era muito gratificante ver o resultado também do meu brother Horácio e de todos os nossos alunos, não pelas medalhas apenas, mas por tudo que havia acontecido e pela postura que todos da Associação Shizuoka Goju-kan tinham tomado.

A de honrar o Mestre Watanabe, 

Sentia a sensação de que tínhamos cumprido o nosso dever.....



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quinta-feira, 26 de julho de 2012

Pelo nome e não com o nome

Um dia todos vamos embora. Não existe maior certeza do que a morte. O que acontece, é que nos maravilhamos com a vida e passamos os dias sem se quer pensar(corretamente até) nesta única certeza. Um dia, todos vamos morrer.

Nós nunca imaginamos a vida sem aquelas pessoas que fazem dela um lugar seguro. Ninguém nunca pensa em perder um pai, uma mãe, por mais que essa seja a ordem natural das coisas.

Com os mestres acontece a mesma coisa. Eles são pais de muitos. São as figuras centrais de contos, histórias e até lendas dentro de suas artes. Representam sempre em carne e osso, as lições de um caminho que abriga muitos peregrinos. Eles são o caminho.

A perda do mestre Ryuzo Watanabe, significava para nós da Goju-Kai, perder o caminho. Pois assim como outros grandes mestres, ele era o desde o ar que respirava, até o último batimento do seu coração, puro Karate-Do.

Foi um momento de muita tristeza. Lembro-me do dia do enterro do sensei até hoje com muita clareza. Se lembrar demais, talvez comece a sentir que é muito mais triste do que já é, porque sei, que ele faz muita falta neste mundo. Porém creio que pensar nisso seria de certo modo egoísmo meu, já que certamente hoje em dia ele deve estar muito mais feliz no lugar em que se encontra (provavelmente com outros grandes mestres).

Muitos se perderam depois daquele dia, muitos, decidiram levar o caminho adiante honrando a memória de alguém que viveu pelo caminho do Karate.

Todos temos a opção de escolher o que fazer com a memória das pessoas que se foram, o que fazer com os bons dias vividos ao lado de quem se foi, o que fazer com os ensinamentos, as lições de quem viveu para passar um ideal adiante e liderar um grupo, uma família.

Tenho orgulho e gratidão pelos senseis que tive, tenho orgulho de ser irmão de um grande Budoka que sempre optou por seguir os exemplos, fazendo como eles, liderando, desbravando rumo àquilo que é certo.

Depois de tantos anos, eu olho para todos estes dias que ficaram para trás desde o falecimento do sensei Watanabe e vejo que o meu irmão me(nos) guiou para o caminho certo.

Por onde se honra a memória das pessoas com a nossa própria maneira de viver. Não nos agarramos, nos escoramos no nome de ninguém, não usamos a imagem de ninguém. Nós somos aquilo que aprendemos, somos o que passamos adiante. É assim que um legado, uma memória se matém viva.  Os mestres vivem no caminho e na transmissão dos ensinamentos deste. De nada adianta ficar citando nomes se as atitudes não falarem por estes nomes citados.

Temos MUITO ORGULHO das nossas raízes, de ter aprendido com quem aprendemos e é exatamente por isso que damos o nosso melhor todos os dias. Para honrar o nome das pessoas com atitudes, porque Karate-Do é feito muito mais de luta, do que nomes à serem citados na primeira oportunidade.

Tínhamos um campeonao para vencer, por nós, pela memória do sensei e acima de tudo... Por honra e gratidão.

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segunda-feira, 23 de julho de 2012

Próximo de um final

Na próxima semana postaremos a última história desta etapa do Saito Brothers, que retornará com novo visual, novidades e novas histórias, claro. Aguardem!!!!!

O ano de 1998 estava começando a dar seus frutos. Nossos alunos disputaram o Campeonato Paulista e se classificaram para o Campeonato Brasileiro. No Brasileiro, conseguiram resultados além do esperado e conquistaram a vaga para a Seleção Brasileira para disputarmos o Campeonato Sul-Americano que seria disputado em Santiago, no Chile, no mês de dezembro.

Em apenas dois anos de trabalho com aqueles garotos e garotas já tínhamos conseguido classificar, além de mim e o brother Horácio, mais cinco alunos. Isto era muito gratificante, pois ali estavam os frutos de muita confiança depositada no meu trabalho, pelo meu Mestre no Japão e pelo Mestre Watanabe aqui no Brasil. 

Infelizmente acontecem coisas em nossas vidas que não temos controle e que imaginamos intimamente não acontecer. 
Após o Mestre Watanabe retornar do Chile, viagem que fez para visitar e acompanhar a organização do Campeonato Sul-Americano, é internado às pressas com uma suspeita de infecção intestinal. Mas, após diversos exames foi constatado que era um câncer de estômago que derrubara o nosso grande guerreiro, líder e exemplo de milhares de pessoas que o acompanhavam em sua jornada de vida, que era o Karate. 
Não deu tempo de assimilarmos a situação e quão grave era, e o Grande Mestre Ryuzo Watanabe veio a falecer no dia 05 de Dezembro de 1998. Uma grande tristeza assolou a todos, lágrimas não eram suficientes para expressar a dor que estávamos sentido. Um líder, um Mestre, um pai para muitos. Ninguém queria acreditar e era difícil conter os sentimentos de uma perda como esta. 
Em seu velório, pessoas de todos os lugares vinham prestar suas homenagens. Não apenas pessoas ligadas ao Karate, mas também da colônia japonesa e de diversos amigos que o Mestre galgara também como pessoa pública. 

O Mestre Ryuzo Watanabe foi enterrado no Cemitério da cidade de Suzano e a nós restou a dúvida agora a respeito do Campeonato Sul-Americano que aconteceria na semana seguinte.
Nos reunimos e decidimos que a melhor forma de honrar o nome do nosso querido Mestre e que amava tanto o Karate-do Goju-ryu, era vestindo o Karate-gi e lutando. Iríamos sim ao Chile e lá prestaríamos nossas homenagens, da forma que o Mestre Watanabe sempre nos ensinou,

Com honra!!!!!


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quinta-feira, 19 de julho de 2012

Pescando na chuva

Meu irmão sempre gostou de pescar.
Todas às segundas, meu irmão pegava na escola depois da aula, eu trocava de roupa no caminho, dentro do carro e íamos pescar. Essa era mais uma das "nossas coisas", momentos, como aqueles vividos no Japão, nas viagens de trem, quando passávamos na livraria, líamos o que queríamos, meu irmão pegava uma revista de Karate, eu pegava a nova edição do mangá preferido e pegávamos um taxi para casa.
Entre essas coisas que fazíamos juntos, lembro também das manhãs já aqui no Brasil, quando acordava cedo e íamos correr no parque antes da escola. Voltava para casa, tomava um banho, vestia o uniforme e ia estudar.

Pescar, naquela época era a "nossa coisa"do momento. Apesar de eu ir muito mais pela diversão de fisgar o peixe e por acompanhar sempre o meu irmão em todos os lugares, gostava muito desta época. Mas nunca fui um pescador como o meu irmão.

Meu irmão se divertia pescando, mas também se divertia com as minhas trapalhadas com a "tralha" de pesca, quando eu gastava mais tempo desembaraçando a linha do que pescando em si. Eu ficava bravo e ele ria e quando os nós eram cegos demais, ele montava outra vara para mim.

A maioria das pessoas gosta de fisgar o peixe. E acho que isso se encaixa muito bem no que é a vida. As pessoas sempre querer ter algo, ter o prazer de ter algo, mas quem aqui gosta de pescar na chuva sem pegar nada?
Bom, o meu irmão gosta.

Lembro-me de um dia, que estava frio e chovia muito. Fomos pescar, porque o meu irmão sempre seguia em frentre com os seus planos, fosse com sol, fosse com chuva. Chovia tanto naquele dia, que eu mal podia ver o que se passava lá na ponta da linha lançada no lago, quase não via a bóia. Não dava para diferenciar o que era a chuva balançando a água e o que era o peixe tentando morder a isca. Tudo que eu via, era o meu irmão. Parado, quieto, atento, coberto com uma capa de chuva, olhando para a água.

Nesse dia, do quiosque, observando o meu irmão pescando na chuva eu entendi muita coisa sobre pescar, aprendi o que é gostar de pescar. E quem sabe até, tenha aprendido muita coisa sobre a própria vida. A verdadeira pescaria, mora em quem gosta de pescar independente de tudo.

É preciso estar lá. Com sol ou com chuva. Enxergando o que há adiante ou não, é preciso estar lá.
O que essas lembranças tem a ver com o nosso Karate? Bom, só entende, quem está na chuva. Para se molhar? Sim. Mas mais do que isso, para pescar.

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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Um ideal

Iniciávamos o ano de 1998 e agora o pensamento era Campeonato Paulista, se classificar para o Campeonato Brasileiro e depois se classificar para o Campeonato Sul-Americano de Karate-do Goju-ryu IKGA. Os treinamentos continuavam intensos e cada vez mais nossos ideais, meu e do meu brother Horácio pareciam estar se unificando. Isso me deixava bastante orgulhoso, pois apesar dele ser o irmão mais novo e ter que arcar com a exigência de ser um Saito, sua responsabilidade crescia juntamente com sua experiência. 

Apesar de nossa diferença de idade (11 anos) sempre estávamos juntos. Seja em treinamento, competição ou mesmo em lazer, ele sempre foi uma grande companhia para mim. Gosto muito de pescar e naquela época, íamos todas as segundas-feiras, que era o meu dia de folga. Eu o pegava na saída do colégio na hora do almoço e íamos pescar, voltando só tarde da noite. Sempre gostei muito de carros também, desde muito jovem e nessa época os carros turbo eram a minha outra paixão, depois do karate. Partíamos então no meu carro turbo para a pescaria e fazia parte da diversão também o trajeto de 100 km até o pesqueiro.

Trilhava o caminho do Karate-do Goju-ryu e tinha a responsabilidade de no Brasil, honrar o que me tinha sido ensinado no Japão, fazendo o nome da Associação Shizuoka Goju-kan crescer e prosperar aqui. Não tinha muita ideia de quão grande isso poderia se tornar, pensava mesmo em um dia de cada vez. 
Começamos a treinar o Bunkai-kumite-kata para competir e para quem sabe um dia, podermos representar o Brasil em uma competição internacional. Precisávamos passar pelo Campeonato Paulista e Brasileiro para assim podermos ir ao Chile com a Seleção Brasileira no Campeonato Sul-Americano, isto exigia um grande trabalho pela frente.

Um Sobrenome, Um Mestre, Um Ideal......



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quinta-feira, 12 de julho de 2012

O que você não imagina e o que você imagina

Nunca esperei receber aquela graduação, mas honrei-a até o seu último dia.

Naquela época, mal passava pela minha cabeça ser algo além de Shodan. Me focava apenas em treinar, ser melhor e a busca era apenas isso, por melhora. Graduações vem com o tempo, desde que o foco do presente seja melhorar sempre, hoje mais do que ontem, amanhã mais do que hoje...
Porém, uma vez que possuir a graduação, é necessário mais do que nunca ser a graduação e justificar o pedaço de papel, principalmente a assinatura e a confiança de quem assinou aquele certificado.
Tem de ser a graduação todos os dias. Sem desculpas, sem justificativas, porque só assim a graduação vale alguma coisa.

Muitas vezes lhe é dado algo que você nem imaginava poder ter. Eu acredito que quando isso acontece, pessoas boas farão o bem com isso, pessoas más fão o mal com isso e pessoas sem caráter vão transitar entre o bem e o mal, sempre de acordo com o que for mais vantajoso para o próprio ego. Ter é importante, ser também é, mas no final das contas, o que faz realmente a diferença, é o que você faz com o que você tem, com o que você é.

Não me imaginava Nidan, da mesma forma que eu sei que o meu irmão não se imaginava Yondan. Não porque ele escreveu esta semana, nem porque ele me disse algum dia, porque não disse. Mas porque viemos do mesmo lugar e eu sei que ele não se imaginava.

Quem você é hoje e quem você quer ser amanhã sempre vai depender diretamente das coisas que você recebe da vida sem nem imaginar. Logo adiante, vai depender do que você imagina e da sua capacidade de ser fiel aos princípios e caminhos que te levam a esta imaginação.

Não existe enganação com esta imaginação, porque ela é sua. Não existem atalhos, nem "cheat codes", só existe o seu caráter dizendo verdades para si mesmo.

Treinar mais, para honrar as coisas que você mal podia imaginar. Ser melhor, para ter o que imaginar.

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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Jokyo - Yon Dan

Quando retornei do Japão, sabia que tinha muito trabalho a ser feito aqui para conquistar o meu espaço. E o ano de 1997 foi uma grande prova. Novos alunos, novos locais de aula, Mundial, era tudo muito fascinante e assustador ao mesmo tempo. Sempre aprendi que a coragem nunca tinha nada a ver com a ausência do medo, muito pelo contrário, era nas horas de real sentimento de medo que precisávamos demonstrar muita coragem para conseguir seguir em frente. E assim foi, sempre acreditei que me sairia bem em situações de pressão e onde todos desistiriam, eu deveria progredir. Naquele ano o Mestre Ryuzo Watanabe, que já se tornara também um grande mentor (afinal de contas o Mestre Watanabe era amigo pessoal do meu avô e pertencíamos à mesma Associação Fukushima Kenjinkai) me disse que gostaria que eu fosse promovido para Yon Dan. Na minha concepção, um Yon Dan era algo ainda distante. Me lembrava do Shihan-Dai da matriz da Shizuoka Goju-kan, Nagatani Sensei e das inúmeras surras que eu levava dele quando treinávamos Jyu-Kumite e me perguntava se eu estaria pronto para ocupar tal graduação. 

Mestre Watanabe sempre era muito prestativo nos treinamentos que fazíamos todos os últimos domingos do mês em seu Dojo na Móoca, onde se reuniam vários faixas pretas vindos de diversos lugares, inclusive de outros estados e algumas vezes de outros países. Eram nestes treinamentos que podíamos observar as técnicas do Karate-do Goju-ryu sendo aplicadas pelo Mestre Watanabe. Sempre estávamos presentes, eu e o Horácio, que na época era Shodan e que também ouviu do Mestre Watanabe que gostaria de vê-lo como Ni Dan. Não almejávamos tal promoção, já que havíamos aprendido com nosso Mestre que o reconhecimento sempre vem, não é necessário que se peça, o Mestre lhe dirá quando estiver pronto. 

Em um destes treinamentos, Mestre Watanabe disse que gostaria de marcar nosso exame, e eu prontamente lhe respondi que ainda não me sentia pronto para ser um Yon Dan, achava que ainda me faltava muita experiência. Ele riu e disse que conversaríamos depois para marcar. Alguns meses depois, no final de um destes treinamentos de domingo, o Mestre Watanabe me chama para conversar e diz que eu havia passado no exame. Eu, meio sem reação, lhe pergunto: "Mas Sensei, eu não fiz nenhum exame". - E ele me responde: "Você e o Horácio estavam sendo examinados por mim a algum tempo e dentro do que vocês demonstram pelo karate, tanto em treinamento quanto fora dele, eu graduo o Horácio para Ni Dan e você para Yon Dan Jokyo." - me entregando um envelope grande com os certificados dentro, com um grande sorriso.

Fiquei nesta graduação por onze anos, sempre pensando em evoluir tecnicamente e também adquirir maturidade, para crescer como ser humano. Pois para passar para a próxima graduação eu precisaria ser o melhor Yon Dan que podia ser e com o título de Jokyo, era preciso trabalhar muito pela arte em si. Tinha muito trabalho pela frente......


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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Mais "Sen"

Para a Shizuoka Goju-Kan do Brasil, ter mais alunos significava um certo sucesso na empreitada. Para o meu irmão, significava mais trabalho. E para mim, significava mais olhos me observando. Era preciso ser o exemplo.

Talvez tenha sido a época de mais cobrança na minha vida. Meu irmão não me cobrava abertamente, mas com os seus olhares de reprovação em cada falha ou com os socos e chutes que vinham quando lutávamos nos treinos de portas fechadas, não era necessário dizer muita coisa. A mensagem sempre vinha e eu absorvia como dava, bem ou mal.

Essa época de acúmulo de responsabilidades, veio justamente na minha adolescência e certamente influenciou muito na minha formação não só como atleta, praticante ou sensei de Karate-Do, mas também como adulto.

Era a questão de chegar mais cedo, de sair mais tarde, de fazer dez a mais que os outros, de parar depois que os outros e sempre justificar a minha posição ali dentro. Todos mereciam uma vírgula, um porém, eu não. Pelo menos para mim, era isso. Ser o exemplo.

Falhei muitas vezes, vi algumas vezes resultados escaparem em campeonatos enquanto outros alunos mais novos se destacavam. Mas sempre voltei calado de cada uma dessas derrotas. Devia para mim mesmo.

Eu acreditava que um bom senpai, se fazia só com números e a cada derrota, me frustrava por não corresponder com as minhas obrigações perante os mais novos e o meu irmão.

Hoje, não tenho apenas a condição de senpai, mas também de sensei. Os anos se passam e entendo que ser um bom exemplo, se trata muito mais de quantos anos você passa querendo mais, fazendo mais, mas principalmente os anos que você acumula caindo e levantando logo em seguida, não importando a altura da queda. é preciso muito mais do que vitórias para continuar no mesmo caminho.

Ser exemplo, nada tem a ver com nunca cair ou ser invencível. Tem a ver com ser mais forte dia após dia, seja com vitórias ou derrotas. Tudo tem que te fazer melhor amanhã. Muitos, ficam pelo caminho.

A margem de erro diminui com o tempo, mas ainda sim é uma luta por vez. Continuo lutando para ser um exemplo. E é assim tem de ser. "Sen", vai adiante, toma a dianteira e segue o caminho.

Luatava então, para ser um bom exemplo.

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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Aprender e Ensinar

Passado o mundial, os treinos voltaram ao normal e as aulas também. Um fato que sempre percebi é que nem sempre quem tem o conhecimento está apto a ensinar. Óbvio que aquele que não detém tal conhecimento não deve nem cogitar o fato de ensinar, mas muitas pessoas tem o conhecimento para si, mas não conseguem expandir de forma didática seus ensinamentos. No tempo em que fiquei no Japão, aprendi além das técnicas, também os fatores didáticos para se ensinar, tanto adultos e também as crianças, o que realmente foi de grande valia no meu aprendizado. 

Alguns alunos já estavam treinando a mais de um ano e com isso os campeonatos tinham um outro significado para mim, o de ensinar àqueles meninos o valor da conquista, o valor de vencer. Claro que do ponto de vista teórico, tudo é lindo e maravilhoso. Mas na prática é muito mais complicado. Ensiná-los a serem pessoas do bem, com caráter, honrados, humildes e vencedores, de modo exemplar, era o que valia verdadeiramente a pena.

Dos alunos de hoje que se tornaram adultos e vencedores, naquela época eram crianças bem novas. Penso naquela época com bastante carinho. Alunos realmente especiais fizeram parte da minha vida. Além do meu braço direito de sempre que é o meu brother Horácio, nosso primeiro aluno foi o Felipe, nosso primo e o segundo foi o Eric, que sempre foi o nosso mascotinho, o aluno querido de todos. Bruno, Jean e Cláudia vieram do Colégio JM e o Philipe, Vinicius, Jacqueline e Victória do Clube Uceg. Infelizmente a vida escreve por linhas que não temos poder nem conhecimento e nosso Eric partiu para uma nova missão. Gosto de pensar que tudo tem um sentido e mesmo que muitas vezes não entendemos os porquês, o certo sempre será o certo. 

Gosto de pensar que preciso sempre aprender e que para eu ensinar, preciso que meus conhecimentos tenham passado pela prova prática, pela vivência. Dou graças a Deus de ser um bom aprendiz e quando a vida resolve me ensinar, consigo absorver pelo menos um pouco deste conhecimento. 

Estava feliz naquele ano, pois conseguia ver ali, que o que eu havia aprendido um dia no Japão, estava conseguindo ensinar para aquelas crianças aqui no Brasil, quem sabe um dia conseguiria deixar meu Mestre orgulhoso. 

Aprender sempre, ensinar só aquilo que se sabe......


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