Chegara a hora da decisão. Quem perdesse estaria fora do pódio e provavelmente veria seu sonho ser adiado por mais quatro anos. Nervosismo, tensão, todo tipo de pensamento vem em sua cabeça. Mas o que difere nessa hora é aquele que consegue controlar melhor suas emoções. Eu e meu brother Horácio havíamos passado por muitas coisas para estarmos ali, foram muitos os sacrifícios, muitos os treinos, muitas as dores e a vitória não era mais apenas um desejo, era o significado de tudo que representava aquele tempo, aquela nossa fase da vida. Apertamos as mãos, nos abraçamos e dissemos um para o outro: - "Vamos ganhar, viemos até aqui para vencer, vamos ganhar essa p...".
Nos posicionamos na lateral do Koto, na ordem ficou determinado que seríamos a dupla "AO", azul, portanto faríamos o Bunkai depois da dupla da Itália.
Enquanto eles executavam o Bunkai ficamos concentrados, focados no nosso objetivo que era dar o melhor de nós, fazermos um bunkai não apenas técnico, mas com espírito, com coração. Assim que eles terminaram, nos posicionamos para entrar e como se tomados por um transe, executamos o bunkai sem erros, sincronizados, com uma energia interligada e harmoniosa. Para aquele dia, para aquele instante de nossas vidas, foi perfeito, acabamos o bunkai e com toda aquela energia ainda pairando no ar, fomos ao nosso lado do koto esperar pela decisão nas banderias dos juízes. E após aqueles segundos de ansiedade e tensão intermináveis, o juiz central sinaliza com seu apito e todos os outros quatro juízes dão seu parecer. 5 X 0 azul. Contamos as bandeiras e nos abraçamos, não mais contendo a emoção. Choramos. Choramos por nós, por nosso país, por nossos Mestres e alunos, por nossas famílias e amigos, choramos porque sabíamos o que aquela arte representava em nossa vida. O representante do Chile veio nos cumprimentar e calorosamente nos parabenizar. Nossos alunos nos esperavam na saída do Koto e com abraços e lágrimas comemoravam também esta vitória de todos, pois era a primeira vez na história dos mundiais da Goju-ryu que o Brasil ganhara uma medalha nesta modalidade.
Antes de sairmos da área de competição, paramos para tirar uma foto com a nossa bandeira, a bandeira da Associação Shizuoka Goju-kan do Brasil, presente que nosso Mestre no Japão, havia dado quando voltei ao Brasil. Fiz uma prece e agradeci. Agradeci meu mestre no Japão que me ensinou e me mostrou as técnicas e os valores da arte e nosso saudoso mestre aqui do Brasil, Ryuzo Watanabe, que nos recebeu de braços abertos quando chegamos.
Andamos pelo ginásio, agora com aquela sensação de dever cumprido, e sem aquela pressão da competição, pudemos confraternizar mais com os atletas das outras delegações. Cumprimentei e troquei camisetas com a equipe da Indonésia, que como nós, também ficaram em terceiro lugar, tiramos fotos com a equipe do Japão, que haviam ficado em segundo, perdendo para a Suiça e que tinha um fato interessante: Um de seus técnicos, Kamogawa, era no passado meu algoz, que nos campeonatos estaduais da Província de Shizuoka sempre ficava com o primeiro lugar e era muito bom encontrá-lo ali, depois de quase quinze anos.
1 comentários:
PARABÉNS AKIRA e HORACIO por mais esse feito. É por todo esse sacrificio que voces merecem esse título. Desejo o melhor para os dois e que o caminho que trilham todos os dias seja harmonioso e iluminado.
Oss,
Giuliano Paparella
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